O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao ministro Alexandre de Moraes, iniciado às 14h desta quinta-feira, é aguardado com expectativa por investigadores não só por conta da possível anulação do acordo firmado pela própria corporação com ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mas também pelas outras consequências que podem surgir a depender das explicações trazidas pelo militar.
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No Supremo Tribunal Federal (STF), uma hipótese que não está descartada é a de que Mauro Cid tenha sua prisão decretada logo após ou até mesmo durante a audiência. O próprio Moraes é quem vai comandar a audiência, ao invés de delegar a função para um juiz.
FOTOS: Mauro Cid pratica exercícios físicos no Quartel da Polícia do Exército.
Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Atualmente é investigado pela PF.
Mauro Cid é acusado de omitir detalhes e apagar arquivos que revelariam informações sobre a trama golpista para não apenas impedir a posse de Lula, mas também assassinar o presidente da República, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes.
Conforme informou o blog, embora aponte omissões e contradições na delação do Mauro Cid, a Polícia Federal conta com uma informação fornecida por ele para fechar o relato sobre a participação do general Walter Braga Netto na trama golpista que redundou nos ataques à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro.
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Na cúpula da PGR, a avaliação nos bastidores também é a de que são indiscutivelmente “graves” as acusações que vieram à tona na operação que revelou a articulação de um grupo de kids pretos, como são chamados os homens das Forças Especiais, para “neutralizar” Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Na prática, Moraes pode derrubar os benefícios de Mauro Cid no seu acordo, mas manter válidas as provas colhidas a partir da delação. Essa possibilidade já vem sendo avaliada reservadamente pela cúpula da PGR.
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Isso poderia, por exemplo, abrir caminho para que o ex-ajudante de ordens voltasse à prisão, mas permitiria que a PGR utilizasse os novos elementos de prova colhidos na investigação para fundamentar uma eventual denúncia contra Bolsonaro e seus aliados.