O ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, não voltou para a cadeia por um triz. Mas a espada de Dâmocles continua sobre a sua cabeça. Vacilou, o fio se rompe e pimba! Aos 45 anos, ele tem muito mais tempo a não ser perdido do que Jair Bolsonaro, que está eleitoralmente liquidado e será preso.
O ministro Alexandre de Moraes decidiu ele próprio tomar o depoimento do tenente-coronel. A PF havia chegado à conclusão de que o militar escondia o jogo, omitia informações e, em certa medida, usava os investigadores para perscrutar o que sabiam ou não os investigadores, passando, eventualmente, instruções a terceiros. Afinal, é um especialista em contrainteligência. Cid iria voltar para a prisão, e sua delação seria tornada sem efeito. Por ora, no entanto, o acordo segue em vigência, e ele continua em casa, com medidas cautelares. Tradução: o delator realmente colaborou. Jair Bolsonaro, Braga Netto e outros golpistas devem estar agora mais apreensivos do que antes. O fato é que Moraes considerou o seu depoimento satisfatório.
As imputações aos golpistas são pesadas: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de direito e organização criminosa. O primeiro crime rende de 4 a 12 anos de prisão; o segundo, de 4 a 8; e o terceiro, de 5 a 10. Em caso de condenação, a pena mínima, pois, é de 13 anos, e a máxima, de 30 anos. Gente com menos relevância na escalada golpista — os que atacaram as respectivas sedes dos Três Poderes — foi condenada a mais de 17. O futuro não sorri para os 37 indiciados desta quinta, o que incluiria Cid e Jair Bolsonaro. Ocorre que o tenente-coronel fez o acordo de delação. Se mantido, sua pena será substancialmente reduzida. A de Bolsonaro não.