O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, sacerdote da Diocese de Osasco, na grande São Paulo, está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Desde fevereiro deste ano, ele já era apontado como participante.
Na última quinta-feira, Oliveira e Silva foi formalmente indiciado como integrante do núcleo jurídico do esquema que discutia uma minuta golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, o então presidente eleito em 2022.
Durante a operação Veritatis, a PF executou um mandado de busca e apreensão em sua casa, levando itens como notebooks e celulares.
Quem é o padre Oliveira e Silva?
Oliveira e Silva, de 41 anos, nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, e ainda criança foi morar em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Aos 11 anos, o religioso passou a frequentar a Igreja Católica e “sentiu o chamado de ser sacerdote”. Em 2006, se tornou vigário da Diocese de Osasco e, hoje, é pároco da Paróquia São Domingos.
Oliveira e Silva possui milhares de seguidores em duas redes sociais: 427 mil e 137 mil seguidores no Instagram e YouTube, respectivamente.
Sua fama na internet começou em 2017 após sugerir a criação de um “calmante em forma de supositório” e dizer que tinha “saudades dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual”.
Oliveira e Silva também vende seis cursos online — ou um “combo” com acesso a todos eles por R$ 897.
Qual o envolvimento do padre com Bolsonaro?
Em 2022, após a eleição presidencial, o religioso teria participado de uma reunião em Brasília que, segundo a PF, fazia parte de uma série de encontros feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para cuidar de “tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional”.
Em 2018, Oliveira e Silva já havia iniciado seu contato com Bolsonaro após o ex-presidente, durante sua campanha eleitoral, levar uma facada. Segundo o padre, ele se encontrou com o então candidato para dar “apoio espiritual“, o mesmo motivo dado para a reunião de novembro de 2022.
Em 8 de janeiro de 2023, o padre publicou uma história sobre Absalão, onde é morto após buscar justiça por sua irmã. Ao fim, o religioso afirma que:
“Por detrás do ato subversivo de Absalão há uma história de injustiça e omissão, de proteção do crime e de desumanas delinquências. Julgar a história pelo fim é tratar o sintoma como causa. Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem”
O que diz a defesa do padre Oliveira e Silva
Procurada pelo Valor, a defesa de Oliveira e Silva afirmou que o padre não tem outra pauta que não seja a defesa e a propagação da Fé Católica.
“Ele (Oliveira e Silva) vai se manifestar, como é seu direito, não só como religioso, mas também como cidadão que cumpre com todos seus deveres perante a pátria”, afirmou o advogado Miguel Vidigal. “[Oliveira e Silva] nunca participou de qualquer reunião de golpe e sequer tem capacidade de redigir um documento jurídico, menos ainda uma minuta de golpe.”