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Outro dia me contaram que o tempo anda muito curto. Que, quando eu nasci, os dias tinham 24 horas, mas elas duravam mais. E essa pessoa que disse isso disse também que hoje em dia parecia não se lembrar de um monte de coisa. Que era como se os pensamentos estivessem se misturando para economizar lugar na cabeça.

Eu olho o relógio são 10 da manhã. Quando eu vejo de novo já é meio da tarde. Mas o que eu fiquei fazendo com todos estes minutos, que eu não lembro?

Enquanto tomava café, eu estava na Irlanda. Já no almoço, numa cidade pequenininha dos Estados Unidos. E não tem cinco minutos que eu voltei do espaço. Eu não lembro muito bem qual foi a última vez em que eu estive onde eu estava.

Se eu não estou errado, foi o sociólogo polonês Zygmunt Bauman que falou algo parecido com isso: somos a última geração de pessoas com o direito de ficarem sozinhas. Bauman é aquela pessoa que pensou e escreveu a liquidez do tempo, das relações. E o que entendi quando li isso de ficar sozinho: daqui para frente, só para trás.

É que quando o celular se esparrama na vida, ocupando mais espaço do que ele merece e é necessário, a gente quase sempre não está onde está. E aí cabeça não pensa onde os pés pisam, já percebeu?

É estar com aquela amizade de muito longe bem em frente, precisando de um abraço, e a gente nem nota. É alguém querendo saber como você está se sentindo hoje, e você perguntando se ela não tem acompanhado suas publicações sobre aquela viagem incrível da qual acabou de voltar. Mas eu quero saber como está se sentindo hoje, estou perguntando outra coisa.

Semana que vem é Natal. Para alguns de nós, uma data especial demais. Quando a família se reúne sem pressa, quando conseguimos sentar muitas amizades ao redor de um jantar farto, sem pressa. Quando nos contam as mesmas histórias de sempre, nossas e as dos outros, e a gente dá as mesmas risadas de sempre. Sem pressa.