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A seguir, Auri Marçon, empresário que, há pelo menos três décadas, acompanha o movimento desse mercado, explica um pouco do processo.

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Ecoa: As garrafas PET são um dos resíduos mais encontrados nos oceanos e podem demorar 800 anos para se decompor. Podemos falar em sustentabilidade deste material?
Auri Marçon:
Quando a gente fala de PET, gostaria de trazer mais sorrisos e menos caras feias. O PET é um plástico diferenciado, o mais reciclado no Brasil e no mundo. Ele nem foi criado para ser uma garrafa, nasceu para a indústria têxtil: foi inventado como fibra no pós-guerra. Muitas coisas hoje são feitas a partir de PET reciclado e você nem imagina: filtros de coifas, mantas para drenagem de água em estradas e prédios, tênis, tintas, móveis, carpetes e até para-choques de caminhões.

Onde está o gargalo então?
Na coleta e na separação. Não tem matéria-prima para abastecer a indústria da reciclagem, que chega a 40% de ociosidade. As empresas investem em equipamento e fica tudo parado porque a matéria-prima não chega.

Por que não?
Nossa cobertura de coleta seletiva é mínima. Menos de 10% das cidades brasileiras mantêm um sistema de coleta seletiva. Hoje, 90% das embalagens que serão recicladas vêm de catadores e sucateiros.

Mas o trabalho dos catadores não é profissionalizado ainda.
Pois é. Para que o processo seja eficaz de verdade, mais do que cooperativas de catadores, precisamos de centrais de separação para ganhar escala. O PET é a segunda maior fonte de renda para os catadores. Um catador hoje pode virar uma cooperativa amanhã e depois virar uma pequena empresa.

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