Existe clara camaradagem e carinho entre Eggers e Dafoe —ainda mais evidente quando o diretor confirma que já colocou papéis à disposição do astro para seus dois próximos filmes. “Uma parceria artística é construída com respeito, admiração e confiança”, ressalta o cineasta. “O segredo é poder se divertir juntos quando as regras são claras”, completa o ator.
Em “Nosferatu”, Willem Dafoe é Albin von Franz, cientista renegado entre seus pares por suas pesquisas com o oculto. É ele quem vai ajudar a jovem Ellen Hutter (papel de Lily-Rose Depp) a compreender e, depois, enfrentar, a ameaça sobrenatural representada pelo conde Orlok (Bill Skarsgård). O filme é uma reimaginação do clássico dirigido em 1922 por F.W. Murnau, uma adaptação não oficial de “Drácula” de Bram Stoker.
“Levamos uma década para desenvolver nosso filme”, revela Robert Eggers. “Mas eu adoro ‘Nosferatu’ desde os 9 anos de idade”. Antes de ter qualquer contato com a obra, ele havia assistido ao “Drácula” de 1931, que imortalizou a imagem romântica do vampiro, e também suas versões pela produtora inglesa Hammer, com Christipher Lee à frente. “Foi ‘Nosferatu’, contudo, o Drácula que me causou mais impacto.”
A nova versão, que também conta com Nicholas Hoult, Aaron Taylor-Johnson e Emma Corrin no elenco, não é a primeira que revisita o filme de Murnau. O cineasta alemão Werner Herzog criou sua própria versão em 1979, com Klaus Kinski como o vampiro e Isabelle Adjani como seu objeto de desejo.
“Adoro a versão de Herzog, e como cineasta ele é uma de minhas grandes inspirações”, continua Eggers. “Sem seu filme eu provavelmente não teria feito muitas de minhas escolhas.” Ainda assim, o diretor optou por deixar a obra de lado ao longo da última década, justamente quando desenvolvia sua própria abordagem. “A verdade é que tentei manter o foco no filme de Murnau e em todas as coisas que envolvem o mundo que ele criou.”