A idade da menopausa pode ser um fator de risco importante para o desenvolvimento de asma.
Um estudo canadense recém-publicado no Menopause Journal e realizado com mulheres no climatério concluiu que, quanto mais tarde uma mulher passa pela menopausa, maior pode ser sua chance de desenvolver asma.
Na pesquisa, 14 mil mulheres na perimenopausa e pós-menopausa, entre 45 e 85 anos, foram acompanhadas por um período de 10 anos. Todas eram não-fumantes e jamais haviam tido um diagnóstico anterior de asma.
O estudo observou que as participantes que viveram uma menopausa precoce (entre 40 e 44 anos) tinham um risco reduzido de asma (-30%) em comparação às mulheres que viveram a menopausa na idade considerada estatisticamente “normal” ou mediana, entre 50 e 54 anos.
Entre outros fatores, os pesquisadores apontaram uma possível conexão entre a exposição prolongada a altos níveis de estrogênio e a maior incidência de asma.
ASMA E HORMÔNIOS: QUAL É A RELAÇÃO?
Na literatura científica sobre o tema, a correlação entre níveis hormonais e a incidência de asma entre a população feminina não é nova.
O tema inclusive abarca a questão da reposição hormonal como um possível fator de risco.
Uma pesquisa de 2010 realizada na França que acompanhou um coorte de 58 mil mulheres por 12 anos observou uma incidência de asma 21% maior entre as que fizeram terapia de reposição hormonal (TRH), sobretudo entre as que reportaram uso de estrogênio isolado (neste caso, o risco era 54% maior) e alguma doença alérgica prévia. Um aumento não-expressivo foi observado também entre as que fizeram terapia combinada de estrogênios e progestágenos.
Lembrando que, no caso da TRH e sua relação com a asma, embora atualmente existam várias discussões na comunidade científica que apontam no sentido de uma correlação positiva entre ambas, alguns estudos parciais sugerem direções distintas conforme os recortes utilizados — tipo e duração de TRH, perfil da população estudada (diagnósticos prévios, outras comorbidades, presença ou não de sintomas vasomotores, perfil socioeconômico, geográfico…) etc. Algumas pesquisas indicam, inclusive, que determinados protocolos de TRH poderiam apresentar benefícios para mulheres com diagnóstico prévio de asma. Vale, como sempre, analisar seu caso particular e conversar com seu/sua especialista. 🙂
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A asma, co-responsável pela morte de mulheres jovens como Fernanda Young e Sinead O’Connor, aos 49 e 56 anos respectivamente, é uma doença que pode ser controlada, mas não tem cura, e afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde e do SUS, estima-se que 23,2% da população viva com a doença. São 350 mil internações por ano, o que torna a asma uma das 3 principais causas de hospitalização no país, com cerca de 2,1 mil óbitos anuais.
As mulheres têm 2 vezes mais chance de ser diagnosticadas do que os homens a partir da puberdade — mais um indício, segundo diversos estudos, da possível ligação entre níveis hormonais e a doença.
O estudo canadense chama a atenção por ir na contramão de diversas outras investigações realizadas com a população climatérica. Estas em geral sugerem mais problemas para quem vive a menopausa precoce do que o contrário: a mulher que encerra sua vida fértil mais cedo apresentaria, segundo inúmeras pesquisas, mais risco de osteoporose, depressão, problemas cardiovasculares, diabetes y mucho más.
Segundo Stephanie Faubion, diretora da Menopause Society, que edita o Menopause Journal, o estudo “destaca as diferenças de gênero relacionadas à asma, com mulheres sofrendo maiores riscos do que homens na idade adulta”.
Além disso, “também mostrou que mulheres com menopausa tardia correm maior risco do que aquelas com início precoce da menopausa. Os médicos devem estar cientes dessa ligação e monitorar mulheres com idade mais avançada na menopausa natural para possíveis sintomas de asma”, diz.
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