A Articulação Antinuclear Brasileira (AAB), movimento contrário às usinas nucleares, está coletando assinaturas para um abaixo-assinado contra a retomada das obras da usina de Angra 3. O documento será enviado ao presidente Lula (PT).
O grupo afirma que o empreendimento é obsoleto, representa riscos ao meio ambiente e é caro —segundo estudos, a estimativa é que sejam necessários cerca de R$ 23 bilhões para a conclusão do projeto.
A decisão pela retomada dos trabalhos de Angra 3 ainda não foi tomada, mas tem sido debatida internamente e defendida por membros do governo como o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). O tema deverá retornar à pauta no encontro do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) neste mês.
Na carta enviada a Lula, o movimento diz que “não há dinheiro para tudo” e que o governo deveria usar os recursos para ações de reflorestamento e de combate ao desmatamento. O grupo também afirma que Angra 3 tem “riscos embutidos” pois ” é um projeto arcaico e com equipamentos obsoletos”, além de ir na contramão da Política Nacional de Transição Energética.
“A produção, manuseio e disposição final de material radioativo tem vários riscos. Diversos acidentes, roubos, desvios e escapes de material vêm demonstrando que nem a Eletronuclear nem a Comissão Nacional de Energia Nuclear têm sido capazes de garantir a segurança do programa nuclear brasileiro”, segue o documento.
“O Brasil tem recursos naturais suficientes para produzir energia elétrica sem necessitar da energia nuclear hoje produzida pelas Angras 1 e 2. Interromper Angra 3 e programar o descomissionamento das duas Angras são as únicas decisões inteligentes e honestas que esperamos do CNPE em sua próxima reunião.”
Na reunião do CNPE em dezembro, o Ministério de Minas e Energia tinha elaborado e proposto uma resolução para autorizar a Eletronuclear a retomar a implantação da usina nuclear de Angra 3 e a explorá-la posteriormente. Ministros do governo, porém, pediram mais tempo para analisar a retomada do empreendimento.
A construção da usina, em Angra dos Reis (RJ), começou em 1984 e foi interrompida duas vezes. A paralisação mais recente ocorreu em 2015, em meio às investigações feitas pela Lava Jato.
De acordo com a Eletronuclear, as obras foram afetadas por falta de recursos e pelas irregularidades apontadas no processo de licitação que definiu as empresas que fariam a montagem eletromecânica. O contrato com o consórcio formado para execução dos serviços foi suspenso, assim como o contrato para as obras civis. Em 2017, os contratos para a montagem eletromecânica foram anulados.
Como mostrou a Folha, o governo já elaborou uma estratégia de comunicação com uma ampla justificativa para a retomada multibilionária das obras. Para defender a retomada de Angra 3, foram listadas mais de dez justificativas —como a descarbonização do setor elétrico, a segurança energética e a geração de empregos.
A projeção do governo é que, no auge das obras, Angra 3 vai gerar quase 10 mil empregos diretos. A gestão Lula também afirma que os investimentos movimentarão um setor com índice de nacionalização superior a 65%, o que traria efeitos multiplicadores na economia nacional.
Segundo estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o valor para abandonar as obras é próximo ao de finalizá-las. De acordo com a instituição, o custo para desistir do empreendimento pode passar de R$ 21 bilhões, enquanto o de concluir a construção da usina nuclear é avaliado em torno de R$ 23 bilhões.
TABLADO
O diretor Marcelo Drummond recebeu convidados na estreia da peça “Mergulho no Mistério Dela” no Teatro Oficina, em São Paulo, na semana passada. O espetáculo é estrelado pelas atrizes Kate Hansen e Nicole Puzzi. O ator Alexandre Borges, a atriz Mel Lisboa e o diretor do festival Mix Brasil, André Fischer, compareceram à sessão. O ator Thiago Mendonça e o empresário Walter Appel estiveram lá.
com IVAN FINOTTI (Interino), KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH
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