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O novo-velho presidente norte-americano, Donald Trump, é o primeiro presidente branco da história dos Estados Unidos. Isto não quer dizer que os seus antecessores não fossem, quase exclusivamente, brancos no sentido étnico-racial; isso quer dizer –nas palavras de escritor Ta-Nehisi Coates– que Trump é o primeiro presidente dos EUA cuja ideologia política é explicitamente a supremacia branca. Trump é o primeiro a basear-se integralmente e com orgulho na visão da superioridade de americanos brancos sobre os demais seres viventes.

Foi Coates que, em artigo de 2017 para The Atlantic, expôs o esqueleto da ideologia trumpista de supremacia branca, cujos sinais sempre estiveram presentes. A oposição entre americanos vs. “mexicanos estupradores”, a suspeita de que Obama não havia “nascido” nos EUA, a ênfase na política islamofóbica inclusive mandando integrantes do Congresso americano a voltar para onde teriam vindo. O movimento de extrema direita que invadiu o Congresso tinha contornos evidentemente nativistas da vestimenta ao nacionalismo cristão-fundamentalista.

Trump 2.0 retoma a sua política racista de forma ainda mais sofisticada. Reafirmou em seu discurso de posse que quer construir uma sociedade cega à cor (“colorblind”). A frase, que provavelmente gerou reações orgásticas em alguns pelas bandas de cá, reaviva a teoria “colorblind”. O termo foi primeiro utilizado em 1896 pelo juiz Harlan, da Suprema Corte, em sentido oposto: para Harlan, não haveria casta no país, logo discriminação deveria ser combatida; para Trump, melhor deixar a casta dominante onde está, e chamar isso de meritocracia.

Basta ler os livros de Daniel Markovits e Michael Sandel para entender que falar em meritocracia –suspendendo os funcionários federais do programa de diversidade como fez Trump– é uma forma de pôr máscara de neutralidade na supremacia branca. Que não demore muito para percebermos que o sinal nazista feito por Musk na posse de Trump era, de fato, um sinal nazista feito por Musk na posse de Trump e que fique registrado que sabíamos disso desde o dia 1º.


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