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O universo da música popular brasileira é infinito. Nele cabem sambas de Cartola, baladas da Rita Lee, blues do Chico Buarque, raps do Criolo, xaxados de Luiz Gonzaga e baiões atemporais de Gilberto Gil. Cabem as supernovas de Liniker, Marina Sena, Luedji Luna e Duda Beat. A música produzida por brasileiros tem originalidade, qualidade e diversidade capazes de imprimir uma assinatura facilmente reconhecida pelo público. Num exercício de imaginação, vamos supor que nosso cancioneiro fosse batizado de música popular nacional. Daria para reduzir todo esse tesouro a “eu te amo, meu Brasil”.

Nada contra a palavra. “Nacional” é muito bem aplicada quando se refere ao hino. Teve boa aceitação quando nomeou um banco. Jornal Nacional entrega o conceito de um produto jornalístico.

Cinema francês. Senegalês. Alemão. Japonês. Argentino. Iraniano. Os exemplos são muitos. A cada país citado, uma nova imagem invade as nossas cabeças. O cinema italiano tem um molho entre o caos e a beleza. Difícil imaginar “Julieta dos Espíritos” ou “A Mão de Deus” sem a comédia e a estética tipicamente italianas. Ou o humor inglês do Monty Python dirigido pelo sueco Ingmar Bergman. Alguém diria que a franquia da Marvel saiu da indústria de cinema francesa? Hollywood traz o DNA americano. Bollywood, na Índia, tem outras características. Assim como Nollywood, na Nigéria. Por aqui, muita gente se refere ao nosso cinema como “cinema nacional”.

O universo do cinema brasileiro é infinito. Cabem o cinema novo e os documentários de Eduardo Coutinho, que, de tão originais, são um gênero à parte. Cabem as chanchadas da Atlântida, as aventuras dos Trapalhões, os sucessos de Paulo Gustavo para a construção de um leque de comédias que vai de “Auto da Compadecida” a “Os Farofeiros”, ambos sucessos recentes de público. Cabem os filmes de ação de Fernando Meirelles e José Padilha. Cabe o realismo poético de “O Som ao Redor”, “Que Horas Ela Volta” e de “Ainda Estou Aqui”. “Grande Sertão: Veredas” pode caber na distopia de Guel Arraes ou na economia de Bia Lessa. Cabem outras tantas vertentes, gêneros e movimentos.

O cinema produzido por brasileiros tem originalidade, qualidade e diversidade capazes de imprimir uma assinatura facilmente reconhecida pelo público? É um bom debate. Mas batizar o cinema de “nacional” não ajuda em nada o debate a avançar.


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