Lendo aqui e ali, aprendi que historicamente os empresários do Vale do Silício, considerado o berço dos empresários e das empresas de tecnologia, tendiam a apoiar o Partido Democrata. Derrotado. Este ano, boa parte deles declarou apoio público ao projeto de país e a visão de mundo de Trump. Botaram dinheiro na campanha e nas festas que celebraram a posse. Vem aí um outro ditado: não existe almoço grátis.
Logo depois da cerimônia de posse, Trump assinou dezenas de decretos. Ora revogando, ora implementando suas ideias e promessas de campanha. Fez isso na frente da imprensa. Ele, mais que ninguém, sabe que hoje em dia a história acontece na imagem. Por exemplo, revogou um decreto de 2023 em que Joe Biden buscava reduzir os riscos no desenvolvimento de inteligência artificial para quem consome, trabalha e para a segurança nacional. Pronto, este era o preço do almoço. E foi só a primeira tarde de trabalho.
Muitos livros têm tentado nos contar o que anda acontecendo ao mundo. Especialmente neste terreno, da tecnologia. Ou, pelo menos, a uma parte dele que acredita em coisas como isso: mérito. Todo mundo tem as mesmas 24 horas, é só se esforçar. O que complica tudo é o “só”. E todo o resto ao redor desta ideia que não para de pé na realidade do primeiro ônibus saindo da periferia de alguma cidade, às 4h30 da manhã.
O Adam Alter, por exemplo, escreveu “Irresistível: por que você é viciado em tecnologia e como lidar com ela”. Outra aula para entendermos a cultura de apostas que está varrendo o bolso do povo trabalhador brasileiro. Já Clay Johnson, que escreveu “A Dieta da Informação”, defende que enfrentamos uma tempestade de distrações como nunca na história humana. E o que acontece em nós e em nossas relações por causa disso.
Durante a cerimônia de posse, Donald Trump repetiu algumas vezes sobre um certo ouro que estava sob os seus pés e que, segundo ele, levará os Estados Unidos de volta ao lugar do qual nunca deveriam ter saído: o de líder do mundo moderno. Talvez o ouro deste tempo esteja mais naquela fileira de empresários da mesma festa. Um ao lado do outro e sorrindo. É que eles não sorririam se a notícia ali fosse ruim. Para eles.