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Um dos gêneros mais populares e lamentáveis da televisão brasileira, os programas vespertinos de jornalismo policial passaram recentemente por mudanças de impacto. É um sinal de que continuam fortes e presentes.

Em dezembro, o SBT contratou José Luiz Datena para apresentar o Tá na Hora. Agora em janeiro, a Record dispensou Luiz Bacci e escalou Reinaldo Gottino para comandar o Cidade Alerta. Na Band, o Brasil Urgente foi assumido por Joel Datena, filho do antigo apresentador.

Com larga tradição, esses programas fazem a alegria dos concorrentes da Globo. Não são muito rentáveis, mas custam pouco e arregimentam publicidade de marcas populares. Costumam garantir uma audiência razoável, que ajuda nas médias mensais.

De modo geral, adotam de forma entusiasmada o ponto de vista da polícia. Na repetição estridente de crimes violentos, alimentam o medo de parte do público e satisfazem a sede por sangue dos que defendem a ideia de que “bandido bom é bandido morto”.

Os apresentadores desses programas ficam horas no ar, de segunda a sábado, falando sem parar e fazendo juízos moralistas sobre o que exibem. As reportagens que mostram os crimes são esticadas como capítulos de novelas, não por causa da relevância do assunto, mas segundo a audiência que estão obtendo.

Marcelo Rezende (1951-2017) se tornou uma celebridade ao comandar o Cidade Alerta. Habilidoso, introduziu um pouco de humor na apresentação de um programa que era violento e sensacionalista.

Foi substituído por um de seus pupilos, Luiz Bacci, que se revelou extremamente bem-sucedido na arte de deixar o espectador em pânico com casos escabrosos de violência. Ao longo de oito anos, o jovem estendeu seu sucesso ao Instagram, onde acumula hoje 24,4 milhões de seguidores.

Na última sexta-feira, após apresentar o programa, foi surpreendido com a notícia de que a emissora decidiu antecipar em alguns meses o encerramento de seu contrato.

No lugar de Bacci, estreou nesta segunda-feira o experiente Reinaldo Gottino, um tipo bem-humorado e gentil, nada sisudo e sinistro como o seu antecessor. Resta acompanhar, nas próximas semanas, para descobrir quem vai mudar mais, o programa ou o apresentador.

Já Datena comandou o Brasil Urgente por mais de 20 anos, em dois períodos. Como vários profissionais de comunicação antes dele, se convenceu, em 2024, que a popularidade alcançada na TV o ajudaria a levantar voo na política. Conseguiu 1,84% dos votos para prefeito de São Paulo. Um vexame.

Depois das eleições, noticiou-se que Datena e a Band concordaram que o apresentador deveria descansar a imagem e, talvez, trocar o Brasil Urgente por um programa mais leve, de entretenimento.

Nesse meio tempo, apareceu o SBT. A emissora comandada por Daniela Beyruti enxergou a oportunidade de ampliar a audiência claudicante do seu Tá na Hora, lançado em março do ano passado, sob o comando do apelativo Marcão do Povo. Datena agora disputa e, eventualmente, perde na briga por audiência com o filho Joel, na Band.

Aproveito para recomendar “Jerry Springer: Brigas, Câmera, Ação”, um documentário em dois episódios, na Netflix, sobre um programa de entretenimento de quinta categoria, exibido com grande sucesso entre 1991 e 2008 nos Estados Unidos.

Ao ouvir os integrantes da equipe que o criou, entende-se claramente a lógica do topa tudo por audiência, que move muitas atrações ainda hoje.


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