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São Paulo

Ainda Estou Aqui” indicado e Fernanda Torres “Totalmente Indicada!”. Estou muito feliz. Feliz de verdade. Chorando, berrando, comemorando! TRÊS categorias!

Fernanda Torres foi indicada ao Oscar como melhor atriz. “Ainda Estou Aqui” como melhor filme internacional e melhor filme, assim, no geral, concorrendo com nomes gigantescos do cinema internacional. Que auge, minha gente, que auge da nossa vida.

Estou feliz sem cinismo, sem vergonha, sem medo, vivendo aquela sensação transbordante de contentamento que faz a gente dançar pela casa, cantar na janela, beijar os pets, abraçar estranhos e agradecer aos céus pela glória alcançada. Hoje é dia de externar o orgulho da nossa cultura e dos nossos talentos.

O Brasil está no Oscar! Não é hora de ser blasé, de fingir costume, de diminuir o tamanho dessa conquista. É hora de celebrar a demora, a espera e o ineditismo e engrossar o coro eterno dos programas de auditório e gritar com a plateia “ela merece! ela merece!”.

Já fomos indicados em 13 edições do Oscar e fizemos bonito em algumas categorias, mas nunca ganhamos aquele Oscar polpudo, melhor atriz, melhor filme internacional, com direito a estatueta levantada no ar, com lágrimas e discurso emocionado diante da torcida vibrando de emoção. E agora… três chances!

Pois agora temos um novo horizonte, porque isso pode acontecer. No dia 2 de março, vai ter cerimônia do Oscar e vai ser nossa final de Copa do Mundo, nossa disputa de medalha de ouro em Olimpíadas.

A gente vai torcer como nunca! Como bem sabemos, o mundo anda bem estranho. O planeta não está muito bem de saúde física, a humanidade não está bem no quesito saúde mental. Aqui nas nossas latitudes, temos segurado a democracia na unha e lutado pela prevalência da verdade diante de um oceano de mentiras.

E o horizonte nos aponta para uma vida cada vez mais fria e solitária, quando nossos corações pedem mais e solidariedade. Estamos todos exaustos e inseguros sobre nosso futuro.

Por isso é preciso valorizar essas indicações, especialmente por esse filme e essas pessoas envolvidas. Fernanda Torres é um patrimônio nacional, uma atriz excepcional que atingiu o ápice de sua carreira e talento com “Ainda Estou Aqui”.

A direção de Walter Salles é precisa, potente e nos leva a acompanhar em apneia a trajetória de dor e resiliência de Eunice Paiva diante dos horrores da ditadura militar. E a presença silenciosa e avassaladora de Fernanda Montenegro como Eunice em sua velhice nos dá permissão para derramar todas as lágrimas represadas, por elas, por nós, pelo Brasil.

Como disse Selton Mello, esse filme é o corpo de Rubens Paiva que nunca foi encontrado. Hoje, estamos celebrando coletivamente o reconhecimento dessas indicações. Hoje, apesar de todas as injustiças e desesperanças, de todos os retrocessos e inquietações, não vamos lamentar. Não vamos mostrar nossas dores acumuladas, não vamos fazer cara de sofrimento na foto.

Vamos fazer como Eunice. Nós vamos resistir. Nós vamos celebrar. Nós vamos torcer. Nós vamos sorrir!

Sorriam! SORRIAM!

Foto de Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.