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Em seu mais recente livro, “Nexus: uma Breve História das Redes de Informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial”, o historiador e filósofo israelense Yuval Harari trata da revolução da informação que estamos vivendo e de como a tecnologia pode ser usada para o bem e o mal.

Harari começa o livro dizendo como o ser humano, ao longo de milhares de anos, acumulou extremo poder com tantas descobertas, invenções e conquistas. No entanto, como poder não significa sabedoria, ele diz que o mesmo ser humano que tanto conquistou colocou a si mesmo em uma crise existencial, ficando à beira do colapso ecológico causado pelo mau uso do próprio poder e criando tecnologias como a inteligência artificial, que tem a capacidade de escapar do nosso controle e nos escravizar ou nos aniquilar. “Se o ser humano é tão esperto, por que é tão autodestrutivo?”, o autor pergunta.

A inteligência artificial já está presente no nosso cotidiano muitas vezes sem a gente nem perceber. Pelo lado positivo, ajuda empresas, por exemplo, a automatizar e acelerar processos e tem o potencial de facilitar a nossa vida de diversas formas. Ao mesmo tempo, também tem deixado muita gente mais preguiçosa, pela possibilidade de delegar a uma máquina a função humana de escrever textos e emails, fazer pesquisas, resolver problemas. A tecnologia, em geral, já faz parte do esporte profissional há anos. A chegada da IA seria mesmo apenas questão de tempo.

Nesta semana, li uma reportagem publicada pela Folha sobre como os X Games de Inverno, realizados neste mês nos Estados Unidos, usariam, em caráter experimental, um juiz de inteligência artificial. Os humanos ainda decidiriam as pontuações oficiais e as medalhas, mas a ideia é que, no futuro, a ferramenta ajude os árbitros em esportes onde existe um julgamento –e muitas vezes as notas geram polêmica–, como surfe, ginástica ou saltos ornamentais. A reportagem inclusive cita que uma ferramenta de IA já foi usada por juízes em campeonatos mundiais de ginástica artística.

O CEO dos X Games acredita que a inteligência artificial não vai assumir o papel dos humanos na arbitragem, mas sim trazer objetividade a esportes subjetivos. Será? Concordo com sua fala de que pode ajudar onde “o olho não consegue acompanhar o que o atleta está fazendo”.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) lançou um programa de estudos sobre o tema e acredita que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta de suporte aos atletas, ajudando a identificar novos talentos e a desenvolver sistemas de treinamento e equipamentos esportivos. Na arbitragem, crê, pode deixar a competição mais justa. Mas o presidente do COI disse que é preciso ter uma abordagem holística com o tema, feita de forma responsável.

Não vai ser simples, nem prático, e realmente espero que os gestores do esporte vejam essa como uma discussão longa e complexa. A inteligência artificial oferece oportunidades, mas também riscos.

No caso do esporte, o foco sempre tem que ser o atleta. A performance sempre vai vir de um humano, com corpo, músculos, cérebro e coração. E a emoção que o esporte e um competidor de carne e osso proporcionam nenhuma máquina consegue imitar.


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