Delegada de carreira da Polícia Federal, Marília era uma pessoa de confiança de Torres e, por isso, foi nomeada para a função de diretora de Inteligência do Ministério da Justiça. Em seu último depoimento à PF, ela frisou que as ações tomadas em relação ao segundo turno das eleições foram em cumprimento às ordens de Torres e chegou a afirmar que seu ex-chefe estava mentindo ao dizer que ela teria agido por conta própria.
A ex-diretora citou uma preocupação especial do então ministro com o estado da Bahia, onde o presidente Lula tinha uma das votações mais expressivas.
Marília contou à PF que Torres promoveu uma reunião, após o primeiro turno da eleição, com integrantes do ministério e os diretores da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para pedir um aumento do policiamento no segundo turno. Na ocasião, os chefes das forças relataram que parte da equipe ficou apenas de sobreaviso no primeiro turno porque os recursos para diárias dos policiais estavam congelados pelo governo federal.
De acordo com a investigação, Torres se baseava em notícias falsas sobre compra de votos para pedir um incremento da atuação da PF em determinadas regiões, principalmente na Bahia.
E aí o ministro falou, não, mas tem que aumentar o efetivo, tem que aumentar o efetivo, não, tem que ser 100%, eu quero todo mundo na rua
Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça
De acordo com seu relato, Torres pediu dados da distribuição das equipes da PF e da PRF para o dia do segundo turno. Por isso, Marília disse que solicitou essas informações às duas corporações. Isso não havia sido feito no primeiro turno. Depois de ver os dados, o então ministro teria criticado o planejamento da PF por estar muito concentrado nas áreas próximas das capitais e pediu à sua equipe que produzisse um novo planejamento, para ser enviado à Polícia Federal.