No entanto, todas as evidências foram destruídas no final da guerra e os “carrascos” reintegrados à sociedade alemã “continuaram estigmatizando as vítimas ciganas como antissociais e criminosas”, explica Fings.
Internacionalmente, a pesquisa só progrediu nos últimos 20 anos, quando já era tarde demais para coletar o depoimento de muitos deportados, que os nazistas identificavam com um triângulo preto ou marrom, dependendo do campo.
A francesa Henriette Asseo, especialista na história do povo cigano na Europa, considera “atroz” que, depois da guerra, os sobreviventes não tenham sido considerados “vítimas raciais” nem na Alemanha nem em outros países da Europa central.
De fato, na Alemanha, as vítimas que escaparam não tiveram sua antiga nacionalidade restaurada. “Fizeram de tudo para excluí-los das indenizações”, afirma Asseo.
E isso apesar do fato de que, desde 1935, as Leis de Nuremberg ? as leis raciais sobre cidadania no Terceiro Reich e “proteção do sangue alemão” ? estabeleceram que “os ciganos pertencem às raças impuras”.
– Discriminação –
O reconhecimento do genocídio cigano só começou a surgir na década de 1980, graças à mobilização de ativistas nascidos depois da guerra, que estavam dispostos a “reconquistar o passado” quando o comunismo caiu e a democracia se consolidou, explica Asseo.