Você já parou para pensar em como pode garantir que seu dinheiro não apenas acompanhe a inflação, mas cresça significativamente ao longo do tempo? Imagine investir R$ 100 mil hoje e ver seu valor dobrar em termos reais nos próximos 10 anos. Parece um sonho distante, mas com as taxas de juros atuais, isso está mais próximo do que você imagina.
As recentes altas das taxas de juros têm atraído investidores interessados em travar ganhos reais, aqueles que superam a inflação. Por exemplo, um título a IPCA+7,5% ao ano pode fazer seu dinheiro crescer três vezes em termos nominais nesse período. Mas antes de correr para o Tesouro Direto, há uma alternativa que pode maximizar esse retorno: investir por meio de um VGBL passivo. Existem VGBL que aplicam todo o recurso em um único título do Tesouro. Ou seja, é como se você estivesse aplicando no próprio título, mas como vantagens adicionais como explico abaixo.
Essa modalidade permite que você aplique em títulos do Tesouro Nacional, como os referenciados ao IPCA 2035 ou 2050, mas com uma vantagem fiscal significativa. Enquanto no Tesouro Direto o Imposto de Renda chega a 15% sobre os rendimentos após dois anos, no VGBL é possível pagar menos – 10% ou até menos, dependendo da sua tabela de IR. Pode parecer pouco, mas a diferença é poderosa quando projetada no longo prazo.
Imagine que você aplicou R$ 100 mil e que a inflação média nos próximos 10 anos seja de 6% ao ano. Ao final do período, seu investimento teria um montante de R$ 369,1 mil. No Tesouro Direto, ao pagar 15% de IR, você ficaria com R$ 328,7 mil, equivalente a um rendimento real líquido de 6,26% ao ano. No entanto, se a alíquota fosse de 10%, seu montante líquido seria de R$ 342,2 mil, com um rendimento real de 6,89% ao ano. Esse ganho adicional não é trivial – é dinheiro que fica no seu bolso, e não nos cofres do governo.
Ressalto que a diferença de juros real líquido de IR entre as duas aplicações cresce quanto maior a inflação futura.
Mas as vantagens não param por aí. O VGBL permite um benefício adicional: a postergação do IR no vencimento. Quando o título vence, em vez de resgatar e pagar o imposto, no VGBL você pode reinvestir o montante em outro VGBL passivo do Tesouro com prazo mais longo, adiando ainda mais a tributação. Esse adiamento cria um efeito exponencial no seu patrimônio, especialmente em horizontes mais longos.
Além disso, o VGBL oferece benefícios de sucessão. Em caso de falecimento, o valor aplicado não passa pelo processo de inventário, evitando custos e atrasos no acesso ao capital pelos herdeiros. No VGBL, evita-se o custo do ITCMD, que é o imposto de herança que deve subir ao longo do tempo.
E quanto aos custos? A taxa de administração desses VGBLs passivos é similar à taxa de custódia do Tesouro Direto, girando em torno de 0,3% ao ano. Lembro que a taxa do Tesouro Direto é de 0,2% ao ano, provisionada diariamente de forma pró rata sobre o valor investido. Para quem pretende carregar os títulos até o vencimento, a escolha do VGBL passivo em relação ao mesmo título do Tesouro se torna quase lógica.
Planejar e aproveitar essas vantagens não é apenas uma questão de inteligência financeira; é também uma forma de alcançar seus objetivos de forma mais eficiente. Portanto, antes de investir, avalie suas opções e considere como o VGBL pode ser um aliado poderoso na construção do seu patrimônio de longo prazo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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