Um homem entra num bar e pede um uísque. O empregado serve. O homem olha para o uísque e o atira na cara do empregado. “Rua!”, diz o empregado.
No dia seguinte, o homem volta ao bar. “Desculpe aquilo de ontem”, diz ele. “Prometo me comportar.” Pede um uísque. O empregado serve. O homem olha para o uísque e o atira na cara do empregado. “Rua!”, diz o empregado. “E nunca mais volte!”
Passado um ano, o homem volta. O empregado o reconhece: “Rua! Eu disse nunca mais!”. O homem implora: “Amigo, passou um ano. Durante este ano fiz terapia cinco vezes por semana para resolver o meu problema. Por favor, me deixe entrar.”
O empregado deixa. O homem pede um uísque. O empregado serve. O homem olha para o uísque e atira na cara do empregado. O empregado diz: “Você não disse que tinha feito terapia durante um ano?”. O homem responde: “Sim. E, agora, sempre que faço isso, já não me sinto mal”.
Uma das personagens dessa velha piada cometeu um erro grave. Foi o empregado. O homem não cometeu erro nenhum, coitado. Mas o empregado caiu na armadilha em que muita gente hoje acredita. Achou que a terapia serve para fazer do paciente uma pessoa melhor.
Nenhum psicanalista valida essa tese. Agora há muitas pessoas empenhadas em trabalhar em si próprias. O verbo que usam é mesmo este: trabalhar. Dizem estar trabalhando certas questões, ou fazendo um trabalho interior que pende a obter determinadas melhorias.
Gostaria de dizer que não pretendo fazer esse tipo de trabalho. Esse trabalho de aperfeiçoamento a caminho da santidade não é feito no consultório do psicólogo.
Muitas dessas pessoas costumam declarar que estão trabalhando no sentido de se tornarem melhores pessoas, frase que parece desmentir a si mesma.
Uma das características das pessoas decentes é não aborrecerem os outros com o anúncio de que serão mais decentes. No meu caso, faço o percurso inverso.
Não tenho a mínima intenção de ser uma pessoa melhor. Por razões profissionais, estou até empenhado em ser uma pessoa ainda pior.
Sem querer me gabar, acho uma tarefa mais difícil. Melhorar uma pocilga não é difícil. Qualquer pequena limpeza constitui uma melhoria. Tornar uma pocilga ainda mais imunda é que dá trabalho.
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