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Enquanto o Partido Democrata tenta acordar do estupor das últimas semanas, quando as promessas da campanha eleitoral vitoriosa foram cumpridas (quem diria?), vale prestar atenção ao entorno da situação hoje no poder.

O fato de deputados e senadores da maioria no Congresso continuarem a demonstrar fidelidade robótica ao homem no comando do que é uma inegável crise constitucional não significa que estão dormindo bem.

Paralisados por covardia e sede de poder que fariam o centrão brasileiro parecer um exemplo de civismo, republicanos sopram no ouvido de comentaristas que estão vivendo com profunda ansiedade —sob a proteção do anonimato, claro.

Todos os 435 deputados vão disputar reeleição em 2026, assim como 33 senadores, 20 deles republicanos. Um observador político sugeriu que eles se informem melhor sobre Isaac Newton e as leis da física, como a força gravitacional.

Mais da metade dos eleitores americanos votou em alguém que não se chama Donald Trump. O presidente obteve 49,8% dos votos populares e conta com uma das mais apertadas maiorias da história da Câmara. No momento, ele age como se tivesse um mandato supremo e parece claramente não compreender o quebra-quebra promovido na máquina federal pelo bilionário não eleito Elon Musk.

O grau de desinformação dos eleitores trumpistas ficou claro quando o Google revelou que as buscas pela palavra tarifa dispararam 2.400% nesta semana. Os americanos que votaram afirmando que a dúzia de ovos está mais cara, além de não saber que a culpa é da explosão da gripe aviária, não se informaram sobre o fato de que uma guerra comercial aumentaria o preço de inúmeros outros alimentos.

O coletivo invertebrado preguiçosamente chamado de mercado ainda não reagiu à tempestade de decisões com potencial de perturbar seu verão em megaiates no Mediterrâneo. Mas nota-se sinais de desconforto.

No mesmo dia em que o decrépito magnata de mídia Rupert Murdoch era elogiado por Trump —que ele pessoalmente detesa— no Salão Oval, seus dois jornais atacaram o presidente em editoriais. O tabloide New York Post argumentou sobre o perigo de entregar ao destrambelhado Robert F. Kennedy Jr. a gestão do Departamento de Saúde. E o Wall Street Journal publicou um editorial sob o título “A guerra comercial mais burra da história”.

Trump reagiu, acusando o WSJ de globalista, e a publicação, em seguida, sapecou na página de opinião: “Começaram as consequências da guerra comercial mais burra.”

Os legisladores e governadores republicanos que fazem confissões anônimas na esperança de que Trump leia as queixas sabem que essa enxurrada pode levar junto seus mandatos. Desmontar o governo federal é destruir a capacidade do país de gerir riscos como uma crise financeira, uma pandemia e desastres como a colisão aérea perfeitamente previsível em Washington ou os incêndios em Los Angeles. Perseguir e desmoralizar milhares de agentes do FBI e da CIA é abrir um atalho atraente para um ataque terrorista.

Um exemplo de consequências reais é a promessa de Trump de eliminar o Departamento de Educação —o mesmo que distribui financiamento crucial para as escolas da maioria dos estados que votaram nele.

Os aliados do presidente podem até acusar Isaac Newton de globalista, mas vivem sob suas leis, como a que explica que para cada ação há uma reação oposta.


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