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Você confiaria todo o seu dinheiro a um único amigo para administrá-lo? Provavelmente não. Mas muitos investidores fazem algo semelhante quando concentram uma parte excessiva do patrimônio em um único ativo ou classe de ativos, acreditando que estão tomando uma decisão segura. A concentração pode amplificar ganhos, mas também potencializa riscos, e entender o limite adequado para cada tipo de investimento é essencial para evitar armadilhas financeiras.

A forma como avaliamos a concentração pode variar de acordo com o ativo.

Quando falamos de fundos de investimento, estamos lidando com um portfólio já diversificado por natureza. Ter uma grande parcela da carteira em um único fundo pode ser aceitável, desde que ele tenha boa gestão e uma estratégia bem distribuída. O problema aparece quando há concentração excessiva em fundos muito correlacionados, pois, nesses casos, o risco real pode ser maior do que parece. Lembre-se, se você distribuir sua carteira em fundos similares pode estar concentrando e não diversificando.

Na renda fixa de emissão bancária, o ponto de atenção é o FGC, o Fundo Garantidor de Crédito. CDBs, LCIs e LCAs têm garantia de até R$ 250 mil por instituição financeira, com um limite total de R$ 1 milhão por CPF a cada quatro anos. Isso significa que investir acima desse valor em um único banco pode expor o investidor a riscos desnecessários. Aqui, a concentração deve respeitar esse limite para garantir a proteção do capital.

Quando a renda fixa é de emissor privado corporativo, o cuidado deve ser ainda maior. Mesmo para emissores de alta qualidade, não é recomendado posições maiores que 3% de sua carteira. Já para emissores de classificação de risco menor, evite ter mais de 1% de seu portfólio.

Outra questão delicada está nas ações individuais. Diferente de um fundo bem diversificado ou de um CDB garantido pelo FGC, uma única ação se assemelha a um título de renda fixa corporativo, mas com uma pitada de risco adicional: pode sofrer grandes oscilações e até perder valor permanentemente.

Quando falamos de concentração em ações, precisamos considerar dois fatores principais: volatilidade e risco estrutural de longo prazo. A volatilidade representa o sobe e desce do preço no curto prazo. Quanto maior a volatilidade de uma ação, menor deve ser sua concentração na carteira. Mas tão importante quanto isso é o risco de que a empresa não entregue retornos consistentes ao longo dos anos. Uma ação pode não apenas cair abruptamente, mas também passar longos períodos sem gerar valor para o investidor. Mesmo grandes corporações, tidas como seguras, podem perder competitividade e impactar drasticamente o retorno.

A história dos mercados está repleta de empresas que pareciam seguras e dominantes, mas que enfrentaram quedas drásticas ao longo do tempo. Quem apostou grande demais em nomes que perderam competitividade pode ter comprometido anos de retorno. E, ao contrário do que muitos pensam, o risco não está apenas nas empresas menores ou mais voláteis. Mesmo gigantes de mercado podem enfrentar crises inesperadas e destruir valor.

Quando pensamos em concentração devemos atentar também nas classes de ativos: renda fixa IPCA, renda fixa CDI, multimercados, ações, fundos imobiliários e outros. Devemos evitar a concentração demasiada em uma destas classes, mesmo que pareça segura a curto prazo.

Imagine um time de futebol onde todos os jogadores são atacantes ou todos são da defesa. No primeiro caso, parece uma boa ideia para marcar gols, mas basta um contra-ataque do adversário para perceber que a defesa foi negligenciada. Já no segundo caso, é preciso lembrar que mesmo com um time todo na defesa, também se leva gol. O mesmo acontece quando um investidor monta uma carteira concentrada demais em uma única classe de ativos. Pode funcionar por um tempo, mas basta um evento negativo ou contrário para expor toda a fragilidade dessa estratégia.

A melhor estratégia não é evitar concentração a qualquer custo, mas entender seus limites e equilibrá-la com uma diversificação inteligente. Ter um percentual adequado de cada ativo na carteira permite capturar oportunidades sem comprometer a estabilidade do portfólio.

No fim, concentração pode amplificar ganhos, mas uma carteira bem equilibrada garante que o patrimônio cresça de forma sustentável, independentemente dos imprevistos do mercado. A grande pergunta não é quantos por cento deve ter em um único ativo, mas sim se essa concentração está alinhada ao risco que você realmente pode suportar.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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