Ao contrário do que contam alguns historiadores, o Paraná tinha tudo para dar errado: com um grande patrimônio imobiliário, que mal administrado por seus fundadores, tornou-se ocioso e sugador do dinheiro dos sócios e do futebol; com dirigentes vaidosos que só investiam em jogadores para conquistar títulos e humilhar Atletico e Coritiba, que estavam em baixa; com os mesmos dirigentes sem nenhum empresarial para criarem mecanismos que tornassem o patrimônio real uma fonte de renda sustentável.
E se não fosse pouco, há mais. Nasceu com a marca da desconfiança.
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É que os vermelhos (Colorado) não confiavam nos azuis (Pinheiros) e vice-versa. O resultado foi o inusitado critério de revezamento na presidência, uma vez, um azul, outra vez, um vermelho.
Explica-se, aí, então a sequência de presidentes: Aramis Tissot (azul), Darci Piana (vermelho) Ocimar Bolicenho (azul) e Ernani Buchmann (vermelho).
A prova dessa desconfiança está no estatuto do clube. Foram criados vários conselhos com poder de veto: Conselho Administrativo, Conselho Consultivo e Conselho Administrativo. É uma via dolorosa, desprezando que o futebol exige decisões urgentes.
Paraná mudou do critério de alternância para o da “última opção”
Esse critério de alternância foi apagado quando o dinheiro acabou e os fundadores sumiram.
Daí o critério foi o da “única opção”. Aquele que, não inexistindo ninguém, vai qualquer um. No caso do Paraná, “qualquer um”, tornaram-se José Carlos Miranda, Aurival Correia, Aquilino Romani, Rubens Bohlen, Casinha e Leonardo Oliveira.
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O resultado é que, além de não pagar contas, esses dirigentes causaram uma perda irreparável: os direitos sobre o vínculo de atletas que o clube revelava como Rodolfo, Vinícius e Elvis.
O mais simbólico foi o caso de Thiago Neves, que Miranda “entregou” para o empresário Léo Rabello e, ainda, deixou uma dívida que para pagar, Bohlen entregou o Ninho da Gralha.
Até carta de adjudicação foi expedida a favor de Rabello, só não registrada por ordem do Juiz Irineu Stein Junior, atleticano dos grandes.
Paraná era para ter fechado em 2014, mas surgiu uma esperança
O Paraná já era para fechar em 2014, mas, daí surgiu uma esperança que só o amor por clube pode provocá-la. Em 2014, o amor pelo tricolor empurrou o empresário Carlos Werner para dentro da Vila Capanema.
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Seu objetivo era investir na base, mas o que encontrou foi um Paraná abaixo da linha de pobreza: em todos os lugares, Vila Capanema, Ninho da Gralha, Kennedy e Olímpica, não havia água, porque não se pagava a Sanepar, não havia luz, porque não se pagava a Copel, milhões de reais em dívidas das mais diversas rubricas bloqueavam crédito de contas bancárias.
Jogadores e funcionários, há meses não recebiam salários.
Garantido por contrato de mútuo, Carlos foi emprestando dinheiro, sem cobrar juros ou correção monetária. E foi pagando coisas do passado, e foi pagando coisas do presente.
E, então, sentindo que o Paraná era viável em razão da sua resposta popular, resolveu que o seu clube de coração deveria voltar ao Brasileirão. Depois de 10 anos, em 2017, o Paraná voltou ao Brasileirão.
Mas, daí, aconteceu a hipótese da criatura engolir o criador. Leonardo Oliveira, que fora indicado por Carlos para assumir o clube, acertou-se com o supervisor Rodrigo Pastana, homem de negócios externos.
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Quando Carlos determinou a saída de Pastana, Leonardo fez movimentos nos conselhos e afastou Carlos. Resultado: o Paraná, com um tiro só, foi rebaixado para a Série B, depois para a C, e dai para a Série D.
Werner deixou Paraná Clube com crédito milionário
Quando saiu do Paraná, Carlos tinha um crédito de R$ 29 milhões. Um Juiz Federal do Trabalho, no processo de intervenção judicial do Paraná propôs que Carlos Werner ficasse com o Ninho da Gralha, na época avaliado pela 3ª. Vara Cível, em R$ 16 milhões.

Para isso, teria que dar um desconto de R$13 milhões. Não só deu como cedeu gratuitamente, em comodato, o Ninho para o clube continuar treinando.
Mas nenhum defeito é tão grave quanto a arrogância daqueles que foram “nobres”.
Em 1995, quando assumiu o Athletico, com Enio Fornea Junior e Ademir Adur, Mario Celso Petraglia quis encurtar o caminho para a constituição de um grande clube: propôs ao Paraná a fusão dos dois clubes.
A reunião na sede da Revepar, de Erondi Silvério (Pinheiros), foi curta. Quando Petraglia terminou as suas razões, um dirigente tricolor respondeu:
“Não interessa a fusão. Queremos continuar vendo, da Concha Acústica, da Vila, os gols de Saulo”.
Petraglia olhou para o jornalista Carneiro Neto, que estava presente, e disse: “Vamos ter que fazer nós mesmos”. O resto é história.
Athletico hoje é majestoso; Paraná não é nem sombra do que já foi
O Athletico hoje é majestoso. Os deslizes são exceções. A regra é a de grandeza. Quanto ao Paraná, não existe mais a Concha Acústica, não existe nem sombra de um craque como foi Saulo, e não existe o time tricolor durante 8 meses por ano.
Em resumo, só querendo ganhar títulos, não teve projeto de infra-estrutura. Com um patrimônio invejável, não teve administradores, perdendo os imóveis.
Podendo fazer fusão com o Furacão, os “vermelhos” não aceitaram, por arrogância. Abandonado pelos fundadores, permitiu o critério de “qualquer um”, sendo, então, destruído e tungado.
O Paraná tinha tudo para dar errado. E deu. Estrago feito, feito está. Solução?
Darci Piana deve estar com dor de consciência. Ele foi um dos nobres que se afastou do clube. Não se é vice-governador de graça. Talvez Piana tenha a solução. A torcida deve clamar por ela.
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