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O problema do orçamento do Estado brasileiro não está no térreo, mas na cobertura. Ali, o teto virou um outro nome para o céu. Nele, brilham os penduricalhos. É assombroso constatar que já ultrapassa os R$ 13 bilhões por ano a soma dos valores pagos acima do teto constitucional para mais de 36 mil servidores, a maioria juízes. Aboliu-se no âmbito da administração pública o ponto de exclamação.

No Brasil, todos são contra a desigualdade social. Mas sempre que o cinto aperta, ressurge a conversa de que um salário mínimo um pouco menos ridículo ameaça a Previdência e a saúde econômica do país. Muda-se a regra do reajuste do mínimo, enxuga-se o orçamento social. Todo mundo é a favor da responsabilidade fiscal, desde que não se toque nos privilégios da cobertura.

Alega-se que, num orçamento de trilhões, os supersalários são irrisórios. Ignora-se o poder persuasivo do mau exemplo. Um privilégio puxa o outro. A casta do funcionalismo convive com congressistas que comercializam emendas e empresários que articulam mimos tributários. No chão batido do orçamento, as leis são maleáveis. No céu, os direitos, uma vez adquiridos, viram dogmas religiosos.