Todo ano é igual: abre janeiro, as escolas começam seus ensaios, a Paolla Oliveira entra com seus figurinos hipnotizantes, samba no pé de dar inveja, o cabelão que bate ali e aqui, sandálias altíssimas e o sorriso que conquista uma Sapucaí inteirinha há vários anos. Pronto. É a receita para o pessoal que tem muito tempo livre dizer que ela engordou.
Eu, que não fiz direito para ser advogada do corpo escultural de Paolla, faço o que posso: todo ano, escrevo um texto perguntando se vocês estão malucos de criticar essa mulher. Ela está há seis anos como madrinha de bateria da Grande Rio. Mês passado, entrou na avenida vestida de uns colarzinhos de miçanga. E o cabelo. E o sorriso. E o carisma. Na praia, um amigo olhava o celular incrédulo: quem pode criticar o corpo dessa mulher? Sei lá, eu dizia, enchendo meu copo americano de cerveja. Sei lá.
Paolla faz a preparação do Carnaval de gente feliz: bebe cerveja igual o resto dos mortais. E samba —ela realmente samba muito bem. O corpo difere dos corpos de modelos e atrizes magérrimas porque, apesar de ser um absurdo de magnético, é mais para a carne que para os ossos. Que bom. É o que a gente se esforça há anos para a internet entender como corpo normal. Não surte muito efeito, visto que ela chacoalha lá e o pessoal chia aqui. Ler pelo menos um livro por mês para se distrair ninguém quer.