Em uma imersão que ele não demonstrava desde “O Pianista”, papel que lhe rendeu o Oscar de melhor ator, Adrien Brody molda a complexidade de László Tóth no abismo insondável entre a fragilidade e a fúria. Arquiteto formado pela escola Bauhaus, com trabalhos premiados pela Europa, Tóth viu sua fagulha criativa sufocada com a ascensão do Nazismo, que lhe confinou ao campo de concentração Buchenwald.
A chegada aos Estados Unidos é marcada pela percepção que o “novo mundo” nutre desdém por sua origem e sua condição de imigrante. O acolhimento por um primo devidamente americanizado (Alessandro Nivola) transforma-se rapidamente em incômodo. O entendimento é que a terra dos sonhos, que só enxerga arte como objeto prático, é hostil com sonhadores.
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Essa espiral é quebrada após o encontro fortuito de László com Harrison Van Buren (um Guy Pearce sublime), milionário de temperamento explosivo que freia sua hostilidade inicial ao descobrir o escopo do trabalho de Tóth. Convertido em mecenas do arquiteto, Van Buren quer usar seu protegido para desfilar como intelectual ante o séquito de bajuladores que o cerca.
A relação entre eles se equilibra entre dependência e admiração, acentuada quando Van Buren lhe propõe a construção de um ambicioso instituto cultural para promover a “integração artística e o convívio da comunidade”. Tóth, agora reenergizado criativamente, vê sua dedicação à obra tornar-se sua redenção e também seu calvário, com os anos precarizando de forma perigosa a relação com seu patrono.
Não é por acaso que Corbet batizou seu protagonista com o mesmo nome do geólogo de ascendência húngara que, em 1972, tentou destruir a marretadas a Pietà de Michelangelo. Se o mesmo ímpeto para construir pode ser canalizado para a destruição, Tóth abraça essa dualidade como aspecto determinante de sua personalidade – dilema que não arrefece nem com sua reunião com sua esposa, Erzsébet (Felicity Jones), trazida para os Estados Unidos por Van Buren.