
Preocupada em mostrar como Gabrielle Petito estava aprisionada em um relacionamento abusivo, a série não se aprofunda em temas que o assassinato dessa jovem de 22 anos levantou e que merecem ser esmiuçados, como a maneira equivocada como a polícia agiu ao receber uma denúncia de que Gabby estava sendo vítima de violência doméstica ou o fato de que um crime envolvendo uma mulher branca gera mais comoção e repercussão do que homicídios e desaparecimentos de vítimas negras, indígenas, latinas ou asiáticas.
A série deseja tão fortemente que o público experiencie o pesadelo que Gabrielle Petito vivia que a produção escolhe retratar nos mínimos detalhes o passo a passo que levou ao assassinato da jovem. Tudo é orquestrado para fornecer ao espectador o clímax da trama: o modo como Gabby perdeu a vida. A falta de sensibilidade é tamanha que, às vezes, parece que estamos acompanhando uma ficção.
Em uma das sequências mais sádicas da série, acompanhamos imagens de arquivo da câmera corporal de policiais que abordaram Gabby e o namorado após receberem uma denúncia que ele havia agredido a companheira. O desespero e a fragilidade da influencer de estar naquela posição, o modo como ela é colocada no papel de causadora da violência que sofreu e as piadas que um dos policias faz sobre a situação são de embrulhar o estômago.
