A juíza Rachel Assad da Cunha decidiu, na tarde desta terça (25), pelo relaxamento da prisão de Igor Melo de Carvalho, 32, e Thiago Marques de Carvalho, detidos na madrugada de segunda-feira (24) no Rio de Janeiro após o policial aposentado Carlos Alberto de Jesus, 61, e sua companheira os acusarem de roubo.
Igor, que é universitário e trabalha como garçom, foi baleado pelo policial e era mantido sob custódia no hospital. O estado de saúde dele é grave.
Ele foi atingido quando estava na garupa de uma moto de aplicativo a caminho de casa após o trabalho.
A companheira de Carlos Alberto afirmou ter sido assaltada às 23h, horário em que Igor estaria trabalhando, segundo imagens de câmeras de segurança apresentadas pelos advogados do universitário.
A defesa de Igor, a cargo do IDPN (Instituto de Defesa de Pessoas Negras), também apresentou como prova o horário da solicitação da corrida via aplicativo, feita à 1h. Thiago era o motorista. Além disso, foram apresentados testemunhos de empregadores. A promotoria concordou com o pedido de liberdade da defesa.
Em sua decisão, a juíza Rachel afirmou que ” foram divulgados pela mídia e juntadas aos autos inúmeras informações que enfraquecem os indícios de autoria. Conforme consta dos documentos, Igor teria saído do trabalho e solicitado corrida através do aplicativo Uber, sendo certo que Thiago era o condutor que atendeu à solicitação”, diz trecho do documento.
“Todas as informações indicam que tanto Carlos Alberto quanto Josilene [companheira do policial] teriam confundido os ora custodiados com os supostos autores do crime de roubo, de forma que os indícios de autoria restam totalmente esvaziados”, acrescentou.
Thiago deixou o presídio de Benfica saiu por volta de 15h30. Igor segue internado.
Carlos Alberto afirmou em depoimento que fez dois disparos após Igor sacar uma arma de fogo.
A declaração consta em depoimento dado após o estudante ser baleado. A família de Igor afirmou que ele havia sido confundido com um assaltante. A arma que o PM diz ter visto não foi encontrada.
Igor tem o canal Informe Botafogo, cursa publicidade e também trabalha como inspetor de faculdade. A esposa dele, Marina Moura, diz que seria um caso de racismo. “Ele quer ser jornalista esportivo, trabalha como inspetor da faculdade e complementa a renda como garçom e ambulante no Carnaval. O que fizeram com meu marido é racismo, é uma injustiça, a bala sempre atinge um corpo preto”, afirmou.