É uma mudança de paradigma sem precedentes, aliás: no decorrer dos séculos, a comida foi uma representação de status, felicidade e, mais do que tudo, de uma busca plena de prazer.
Ateneu de Náucratis descreve, em “O Banquete dos Eruditos” (publicado no século 2º d.C.), a opulência da cidade da Magna Grécia de Síbaris e seus hábitos alimentares refinados.
Festas extravagantes, uso de ingredientes exóticos — como especiarias e produtos raros importados de outras partes do mundo grego — e uma preocupação genuína com o prazer sensorial eram marcas dos moradores da cidade, chamados de sibaritas.
Eles valorizavam a experiência completa da refeição, incluindo a apresentação dos pratos, o ambiente e a combinação de sabores e aromas. O termo “sibarita” passou a designar pessoas que privilegiam o prazer, especialmente no que diz respeito à boa comida.
Algo que a “geração Ozempic” parece ignorar: o aumento no uso desses medicamentos está reduzindo a obesidade, mas também alterando os hábitos alimentares.
Os usuários desses remédios comem porções menores, afetando o faturamento dos restaurantes. Donos e garçons afirmam que os clientes já pedem menos pratos e deixam a maior parte da comida praticamente intocada.