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Há muitos jeitos de arruinar uma experiência com o vinho, mas nada é mais eficaz do que servi-lo na temperatura errada. Falo principalmente de vinho servido quente. Se está frio demais não precisa esquentar a cabeça, é só esperar que a temperatura suba na taça. Agora, se é o contrário, o vinho já está a mil graus, o que você faz? Está achando que vou te sugerir colocar gelo? Isso mesmo.

Vamos logo chocar os preciosistas: é melhor uma pedrinha de gelo do que aturar um vinho à temperatura ambiente quando os termômetros lá fora marcam máximas de 34°C. Afinal, como me ensinou o premiado enólogo italiano Alberto Antonini, responsável por grandes vinhos na Toscana e nos quatro cantos do mundo, a temperatura não é um lugar, mas um número. Dizer que um vinho deve ser servido à temperatura ambiente é o primeiro grande erro em que todos caem.

Não estou sugerindo você tasque uns cubos em um Château Cheval Blanc ou em alguma outra preciosidade guardada por anos e que custa centenas de reais. Mas aquele vinhozinho do dia a dia, que você toma com os amigos enquanto cozinha, esse sim pode ter um gelinho se não estiver resfriado o bastante.

Repita comigo: espumantes devem ser servidos entre 3°C e 7°C, o que para quem não tem termômetro significa beeeem gelado; brancos leves, de 7°C a 9°C, ou seja, geladinhos; rosados, tintos levíssimos e brancos mais encorpados, de 9°C a 12°C, isto é, ainda mais que frios; e tintos encorpados a 15ºC.

Se você não tem termômetro, deixe um tempo na geladeira (ou no freezer, mas com cuidado para não esquecê-los e eles congelarem) e depois vá ajustando, na hora de servir. Se a garrafa esquentar, lance mão do balde de gelo para colocá-la ali dentro; se esfriar demais, só tirar a garrafa e deixar à mesa.

Ano passado, fui apresentada a uma nova amiga de taça e a seu delicioso hábito de harmonizar vinho rosado com batatas fritas. O cenário ajudou, era o parisiense Café Charlot. Imaginamos que ali a coisa seria servida comme il faut, tudo do jeito certo, mas sem a afetação de um lugar hiperespecializado.

Pois bem, ao trazer o pedido da minha nova amiga, o garçom deixou à mesa a taça, onde despejou o rosado pálido cor de casca de cebola da Provence, o prato de batatinhas perfeitas e… um baldinho repleto de pequenas pedras de gelo com um pegador. O rosé, que quase fervia, deveria ser resfriado ao gosto do freguês. Primeiro choquei. Depois pensei: isso sim é liberdade! Ninguém olharia feio pra minha amiga, afinal, nem foi ideia dela, era a praxe local.

O problema do gelo é diluir o vinho, como acontece com qualquer outra bebida. Se você tem uma garrafa muito especial, uma bebida cheia de nuances, a água que derrete dentro da taça vai diluir essa experiência e, sim, pode estragá-la. Por outro lado, hoje já há até vinhos sendo feitos para serem servidos com gelo.

Desde os mais simples rosados para piscina até versões de clássicos feitos por maisons de Champagne, como é o caso da Veuve Clicquot, que faz um ótimo rich (superdoce, com 55 gramas de açúcar por litro), para ser tomado com gelo. Foi o mais querido do meu Réveillon.

Tem muita gente por aí falando em democratizar o vinho mas que torce o nariz para maneiras simples de transformá-lo em algo mais casual ou “normal”. Por outro lado, outros tantos me pedem desculpas (A mim? Quem sou eu, meu Deus!?) quando põem um gelinho na taça na minha frente. Não sou eu quem vai julgar não. A depender da temperatura, eu vou é pedir uma pedrinha também.

Vai uma taça? Carnaval está aqui e para quem não dispensa vinho sugiro latinhas ou os que aceitam uma pedrinha de gelo sem drama. A Miolo tem as latinhas Somm, de quatro estilos, sendo o mais carnavalesco o blend de pinot grigio e muscat (R$ 38 por quatro latas no site da vinícola).


Em garrafa, o Carmen Frida Kahlo Rosé (R$ 69 no Pão de Açúcar) é um Carnaval com sete uvas tintas vindas do Chile. Também vai bem na folia o Montes Estate Sauvignon Blanc (R$ 79 no St. Marché). Por fim, a Santa Carolina faz uma bebida de vinho para se tomar com gelo, o Estelar 57 Only White ou Only Pink (R$ 55 na Casa Flora), branco e rosado.


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