A EFC (Estrada de Ferro Carajás) completa nesta sexta-feira (28) 40 anos de sua viagem inaugural, ao mesmo tempo em que celebra o recorde de passageiros transportados em um ano.
Inaugurada em 28 de fevereiro de 1985 inicialmente apenas para o transporte de cargas, a ferrovia administrada pela Vale levou 423 mil passageiros entre a capital do Maranhão, São Luis, e Parauapebas (PA) no ano passado.
Trens de passageiros interestaduais, como é o caso da Carajás, são raridade no país. Além dele, há somente mais um que faz o transporte regular, o da Estrada de Ferro Vitória a Minas, também operado pela Vale e que faz diariamente a rota entre Cariacica (ES) e Belo Horizonte.
O Carajás tem três partidas semanais de São Luis e outras três da cidade paraense, cenário que deverá mudar a partir do segundo semestre de 2027, quando as operações passarão a ser diárias, segundo João Silva Júnior, diretor de operações da EFC. A medida é parte do contrato de antecipação das concessões firmado entre a Vale e o governo federal em 2020.
Embora a ferrovia chegue nesta sexta aos 40 anos, o transporte de passageiros só teve início um ano após as operações para o transporte de carga.
Depois de crescer gradualmente com o passar dos anos, a Carajás chegou a 329 mil passageiros em 2019, ano pré-pandemia de Covid-19 —que fez com que os sistemas de transporte sofressem paralisações nunca vistas na história do país.
“Principalmente, depois de nós passarmos por um processo de pandemia, a gente realmente viu um esvaziamento da utilização de transporte público no Brasil, seja de trem, seja de ônibus rodoviário. Continuamente a gente veio buscando condições de maior conforto, de maior segurança […] e, obviamente, a acessibilidade com tarifas bem mais em conta do que outros modais de transporte. [Por isso] Ano passado, nós batemos esse recorde, 423 mil usuários no nosso trem”, afirmou o diretor.
Importante corredor ferroviário do norte do país, a ferrovia transportou no ano passado 176,47 milhões de toneladas de minério de ferro, além de 10,9 milhões de toneladas de grãos e 2,1 bilhões de litros de combustível.
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Cada viagem, em média, transporta 1.300 pessoas, com taxa de ocupação de 92% nos 20 carros de passageiros utilizados –entre as classes executiva e econômica. Nos meses de pico, como janeiro, julho e dezembro, o número se aproxima de 2.000 passageiros por viagem.
Mas nem todas embarcam no mesmo local nem têm o mesmo destino, justamente pelas características da ferrovia, que em muitos casos substitui o ônibus por ter tarifas mais baixas. Na classe econômica, o bilhete inteiro de ponta a ponta da ferrovia custa R$ 90. A EFC tem, em sua totalidade, cerca de mil quilômetros de extensão, com trilhos em 28 municípios.
A viagem para os passageiros é feita em 16 horas de viagem, com 15 pontos de parada nos dois estados. As cinco estações principais são as de São Luis, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas.
No ano passado, quando 64 municípios maranhenses decretaram estado de emergência devido às chuvas, a única comunicação entre Santa Inês e Alto Alegre do Pindaré foi por meio da ferrovia. Ambulantes, comerciantes, pessoas que se deslocam para consultas médicas ou estudantes são frequentes nos vagões.
O trem é climatizado, sistema que foi adotado numa modernização ocorrida em 2014, e conta com carros restaurante, geradores, para PCDs e a ferrovia também oferece uma sala de acolhimento para crianças autistas.
A ferrovia começou a ser construída três anos antes de sua inauguração, com o propósito de transportar minério de ferro e manganês da mina de Carajás, no Pará, até o terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão.
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