São muitos os erros – propositais ou não.
A medicalização da questão trans. A transformação em mulher doce do homem perverso a partir da transição de gênero. A exotização da condição das pessoas trans. A mulher trans ligada ao crime. A simplificação dos sujeitos trans.
Basicamente, está tudo errado.
Para a comunidade trans o filme é ofensivo. Deveria bastar para que simplesmente buscássemos uma melhor compreensão a respeito do que ela está dizendo. Deveria bastar para que aprendêssemos sobre o tema. Deveria bastar para que a Academia reconhecesse o erro de indicar a 13 categorias um filme repleto de estereótipos preconceituosos.
Deixo o filósofo espanhol Paul Preciado, um homem trans, com a última palavra em trecho extraído de artigo para o El País:
“‘Emilia Pérez’ perpetua uma visão psicopatológica da transição de gênero baseada em quatro premissas: criminalização, exotização etnográfica, representação médica-cirúrgica da transição de gênero e assassinato. E este último não é um spoiler. Todos os filmes normativos sobre pessoas trans acabam matando o protagonista. Carregado de racismo e transfobia, de exotismo antilatino e de binarismo melodramático, ‘Emilia Pérez’ reforça assim a narrativa colonial e patologizante não só da transição de gênero”.