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Nós do Instituto Cato acreditamos que a imigração, para qualquer economia razoavelmente próspera, é boa para os residentes.

Obviamente, é boa para os imigrantes. É por isso que eles vêm. Se você tiver algum interesse em ajudar os estrangeiros pobres, sua política não deve ser ajuda externa, que sustenta maus governos, mas deixar as pessoas imigrarem. Não quero dizer transferir toda a população do Sudão do Sul no próximo ano, mas, digamos, permitir que 1% da população vá para o Brasil e para os Estados Unidos a cada ano, o que nos EUA foi a taxa muito elevada de 1900-1914.

Mas há muitas boas razões para acreditar que a Cato está certa em pensar que tal imigração é boa para os residentes atuais, e que a administração nativista dos EUA está errada. Com certeza, a grande imigração de 1900-1914 funcionou bem. Apenas empiricamente, as rendas brasileiras e americanas aumentaram. Por outro lado, no outro extremo da abstração científica, qualquer economista competente pode mostrar em um diagrama de produto marginal que a imigração de mão de obra, mesmo que a mão de obra nacional e estrangeira seja uma massa indiferenciada, reduz salários da mão de obra nativa, mas aumenta tanto o retorno de outros fatores de produção, como capital ou terra, que o todo fica melhor.

Por outro lado, como argumenta outro colega meu na Cato, Marian Tupy, uma população maior em condições modernas —em que as pessoas são instruídas e livres para inovar— resulta em muito mais inovação. As pessoas conversam umas com as outras sobre inovações e competem entre si por novas ideias. Ao contrário do pessimismo malthusiano sobre o crescimento populacional, em condições modernas de liberdade o provérbio inglês se aplica: “Quanto mais, melhor”.

Mas, outro colega, Ryan Bourne, observou para mim que todos concordam que a terrível Peste Negra de 1348-50, que matou um terço da população da Europa, aumentou os salários dos trabalhadores. Ãh? Eu achava que mais pessoas faziam o resto ficar melhor. Em 1348 eram menos pessoas. Um paradoxo político.

No dia seguinte, porém, outra colega da Cato, Chelsea Follett, e eu criamos durante o almoço uma solução para o Paradoxo de Ryan. Somos fascinadas pela economia medieval europeia. Você poderia pensar que tal fascínio não teria nada a ver com a política atual. Mas estaria enganado. Notamos que nas condições medievais os trabalhadores eram aquela “massa indiferenciada” que mencionei para a prova do quadro-negro. Isto é, qualquer lavrador era um substituto para outro lavrador, qualquer leiteira para outra. E havia poucas ocupações. Mas hoje são milhões. A força de trabalho é altamente diferenciada. A divisão do trabalho moderna significa que a maioria dos imigrantes são complementos para o seu trabalho, não substitutos.

Mais um trabalhador agrícola do Sudão do Sul lhe dá mais tomates, aumentando o valor do seu próprio trabalho indiretamente. Mais um trabalhador de tecnologia da Índia mantém seu computador funcionando, aumentando diretamente sua produtividade. Paradoxo resolvido.

O episódio prova a tese. Mais colegas são bons para você, assim como mais imigrantes.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves


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