No Oscar, a conquista veio graças ao brilhantismo e talento de Walter Salles, Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Selton Mello e grande elenco e equipe, mas nossa infraestrutura cultural deixa muito a desejar. Essa reflexão é fundamental para que esse prêmio não seja um fato isolado e possa inspirar mudanças.
A Coreia do Sul — maior referência recente de valorização e estruturação da economia criativa — investiu milhões de dólares para impulsionar seu departamento de cultura popular para gerar emprego e renda e projetar uma nova imagem do país para o mundo através da geração de conteúdos em várias áreas como a música, a moda, a arte digital e o audiovisual — e teve como resultado e grande símbolo desse movimento de reposicionamento da nação, as quatro estatuetas do Oscar vencidas pelo filme “Parasita”.
Já o Brasil, que teve no passado conquistas importantes para o setor, como a criação da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e do Fundo Setorial do Audiovisual, parece que parou no tempo e fez muito pouco para justificar com suas políticas públicas, a vitória do último domingo.
Em um governo loteado por diversas forças políticas, a área cultural foi ocupada por um grupo mais sectário e ideológico, que não possui muitas referências e informações sobre políticas da contemporaneidade.
Por isso, as ações públicas do setor se distanciaram da possibilidade de atualização e modernização e a referência coreana, apesar de sempre mencionada e lembrada por todos, fica cada vez mais distante.
A verdade é que o primeiro Oscar brasileiro reforça que no Brasil as grandes conquistas dependem muito mais do talento e empenho coletivo de quem ama o cinema brasileiro do que do planejando do país em busca de avanços.