Nos raros trechos em que se dedica a enfrentar o mérito das acusações, a defesa técnica de Bolsonaro é tão rasa que pode ser atravessada por uma formiga, com água pelas canelas. Na peça encaminhada ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, os advogados do capitão fizeram uma opção preferencial por explorar em profundidade apenas as questões processuais.
Desde que Mauro Cid tornou-se colaborador da Polícia Federal, tudo o que Bolsonaro busca é um tumulto no inquérito. O capitão sabe o que fez. Nem seus aliados esperam por uma absolvição. Tomados pelos argumentos, os defensores de Bolsonaro reforçam a percepção de que desejam embaralhar o processo.
Trata-se de reduzir tudo a tecnicalidades processuais, para preparar as teses que irão fundamentar as petições que reivindicarão no futuro a anulação da condenação que está por vir. Agora, interessa apenas intoxicar o processo. A denúncia vira um “romance”, o delator é um “mentiroso” torturado, o relator é suspeito, e o foro de julgamento é inadequado.