A versão oficial do governo do estado repete a justificativa do confronto e da resposta dos agentes, que teriam sido recebidos por grupos fortemente armados. Nenhum policial foi atingido. A tropa não utilizava câmeras no fardamento, uma reivindicação de especialistas e movimentos sociais, com comprovação científica na redução da letalidade, e que já conta com diretrizes do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O poder público baiano se apoia na narrativa de guerra entre facções, atribuindo a chacina ao combate ao tráfico de drogas e proteção à comunidade. A operação policial, considerada pelas autoridades como “inadiável”, teria sido motivada por uma série de violências praticadas no bairro por facções criminosas, aliadas a organizações do sudeste, que disputam território de venda de drogas em Salvador.
Mas os familiares das vítimas contestam a versão e o “cálculo” do horror. Não houve confronto, houve execução, algumas dentro de casas, dizem os moradores em denúncias que circulam nas redes.
Bolsonaristas elogiam ação policial
As recentes mortes entram para a triste lista de chacinas na cidade, entre elas: a do Cabula, em fevereiro de 2015, e a da Gamboa, ocorrida também no período carnavalesco, em 2022, além de outras dezenas de operações que resultaram em mais mortes que prisões.
O estado da Bahia, comandado pelo Partido dos Trabalhadores há 18 anos, ostenta o título vergonhoso de campeão nacional de homicídios e de letalidade policial.