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Esses tipos de negociações não são fáceis, é preciso ter um misto de paciência, foco, resiliência, estratégia e persuasão. São horas e mais horas negociando os mínimos detalhes, cláusulas de saída e detalhes burocráticos. Ambas as partes querem o melhor para si e a balança precisa ser equilibrada. “Ah, mas isso quem faz são os advogados”, você deve pensar. Sim, mas toda a negociação é com o agente, o advogado coloca no papel.

Enfim, é um trabalho que quando possível você delega para alguém, ainda mais quando você se encontra nos 3% de atletas milionários do mundo. Shai fez a escolha dele e vamos ver se vai ser desgastante para ele ou não. Outro adendo importante é que geralmente, quando isso acontece, o atleta coloca alguém próximo ou da própria família para negociar, e o histórico nunca é bom. São inúmeras as histórias de colapso familiar e financeiro.

Isso tudo para falar que estava eu assistindo ao ATP de Buenos Aires, como todos os brasileiros, e testemunhando ao vivo o que, muito provavelmente, vai ser uma das carreiras mais bem-sucedidas no tênis brasileiro. É muito cedo para falar? Não sei, mas João Fonseca, desde o Australian Open, pouco se importa com a nossa opinião e segue focado em se tornar o melhor atleta possível.

Entrei nas redes sociais dele e vi que já tem quatro marcas grandes que o apoiam, o box nos torneios tem no mínimo três pessoas além do técnico. João é um atleta bem assessorado. Tudo o que ele posta é controlado por uma equipe ou pelo menos aparenta ser. João tem 18 anos e não acho que ele consiga fazer tudo isso e, nas horas vagas, ganhar campeonatos.

O que eu quero dizer mesmo é que João está protegido por um time que vai desde a família até a pessoa que negocia tudo: convites para jogar torneios, sessões de fotos, treinamentos, raquetes, fisioterapia, alimentação, suplementação, viagens, organização da semana, hospedagem, psicológico e patrocínios. Não é pouca coisa. Tudo isso com intuito de liberar João para fazer o que ele sabe melhor fazer: jogar tênis. A chance de qualquer coisa dar errado é muito grande. Ele é uma marca agora, quer ele goste ou não.

Comparei dois mundos diferentes, Shai faz parte de uma engrenagem coletiva e o João, não. Mas são dois atletas jovens e de prospectos gigantescos, nós que somos mais velhos e vivemos em um mundo sem internet já tivemos sérias dificuldades, imagina ser o centro das atenções, na casa dos vinte anos e com muita câmera apontada para você. Uma loucura.