Informações na mesma linha
Telefone: (21) 97026-3221
Endereço: Rua Viçosa do Ceara, 157, Paciência, Rio de Janeiro - RJ

Embora aponte omissões e contradições na delação do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, a Polícia Federal conta com uma informação fornecida por ele para fechar o relato sobre a participação do general Walter Braga Neto na trama golpista que redundou nos ataques à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro.

  • Investigação: Em áudio, general que fez plano para matar Lula diz que Bolsonaro aceitou ‘assessoramento’
  • Leia também: Operação sobre militares que planejaram matar Lula é baseada em material apreendido com general

De acordo com fontes ligadas à investigação, foi Cid quem afirmou que a reunião de 12 de novembro de 2022 entre os militares que planejaram sequestrar Alexandre de Moraes e matar Lula e Alckmin ocorreu na casa de Braga Neto. Em sua delação, Cid afirmou que Braga Neto participou do encontro, que teria tido o objetivo de discutir esses planos.

As mensagens apreendidas pela PF e os dados de monitoramento da investigação demonstram que a reunião ocorreu no prédio onde Braga Neto morava, o bloco B da quadra 112 da Asa Sul de Brasília. Mas por ser um edifício de apartamentos funcionais do ministério da Defesa, ele é todo ocupado por militares, de modo que qualquer um poderia ter autorizado a entrada do grupo.

  • Reação: PF avalia pedir anulação da delação de Mauro Cid após descobrir plano para matar Alexandre de Moraes
  • Munição: Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes previu arsenal com granadas, fuzis e metralhadora

Na época em que a reunião aconteceu, também moravam ali o então ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ministro da secretaria-geral da Presidência da República, Luis Eduardo Ramos. Em outra reunião do mesmo grupo, semanas depois, na Asa Norte, o local escolhido foi um salão de festas.

A informação de Mauro Cid coloca Braga Neto na trama golpista de forma decisiva, mas ainda assim a colaboração dele com a PF é considerada incompleta. Em seus depoimentos, ele nega por exemplo ter conhecimento de um plano para sequestrar e matar Alexandre de Moraes e envenenar Lulae Alckmin. “Ele fala algumas coisas, mas deveria falar a verdade sobre tudo o que é perguntado”, diz um investigador.

  • Bastidor: O efeito das gafes de Janja que mais irritou o entorno de Lula
  • Atentado em Brasília: PF investiga ligação de homem-bomba com militares

As mensagens que constam da representação da PF que baseou os pedidos de prisão mostram que Cid estava na reunião e que, no dia seguinte, ele pede ao major Rafael de Oliveira, preso na operação de terça-feira (19), uma estimativa de orçamento para a ação que seria realizada – e que incluiria trazer oficiais das Forças Especiais, os kids pretos, para o Rio de Janeiro. Na conversa, Rafael estima em R$ 100 mil o custo da ação, e Mauro Cid responde com um ok.

Em outro relatório da PF, sobre a operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro, os investigadores demonstram que Braga Neto recebeu a visita de militares golpistas na sede do PL e disseminou fake news tanto sobre o comandante do Exército que se recusava a aderir ao golpe, Freire Gomes, como sobre o futuro comandante de Lula, Tomás Paiva.

Nessa etapa da investigação, realizada em fevereiro, Braga Neto foi alvo de busca e apreensão.

  • Ficha corrida: ‘Ame tua casa, ame teu país’, disse homem-bomba de Brasília em campanha
  • Na mira da PF: ‘Soldado, mostra teu valor’, escreveu homem-bomba em apelo a militares

Com base nas informações já recolhidas, portanto, a PF acredita que o ex-braço direito de Bolsonaro ainda está protegendo Braga Neto. Esse é um dos pontos que será abordado pelo ministro Alexandre de Moraes na audiencia com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para se explicar.

Cid terá que se empenhar para convencer o ministro de que as informações que apagou de seu computador e as omissões de seu depoimento não invalidam seu acordo de colaboração premiada.

  • Cabo de guerra: Deputados que assinam impeachment de Alexandre de Moraes estão na mira do ministro
  • Bastidor: Impeachment de Alexandre de Moraes deixa de ser unanimidade entre aliados de Bolsonaro