Nesse contexto, merece destaque o estudo da PwC para a Abrace Energia, que estima que a transformação do país num hub global de descarbonização poderia proporcionar um retorno da ordem de US$ 1 trilhão ao PIB do país, bem como a geração de 3 milhões de empregos de qualidade até 2030.
Para a entidade, isso depende de um pacto nacional envolvendo setor público, privado e sociedade civil, com a adoção de medidas estruturais como a regulação do mercado de carbono e a criação de mecanismos de ajuste de fronteira para produtos fabricados com baixas emissões, redução estrutural do custo de capital e estímulo ao financiamento da transição dos processos industriais, investimentos em infraestrutura voltadas à indústria verde, racionalização competitiva do preço da energia elétrica e incentivo às cadeias produtivas nacionais, entre outras.
Mas, mais do que isso, a indústria pode desempenhar um protagonismo importante na condução diplomática dessa agenda, com a defesa, no contexto internacional, de que rotas “jabuticabas” de descarbonização sejam reconhecidas e aceitas no resto do mundo.
É que, enquanto na maioria dos países a descarbonização equivale a eletrificar processos ou usar hidrogênio produzido a partir de potenciais limitados de energia eólica e solar, aqui temos amplo cardápio de opções.
Lá fora, no entanto, falar em biomassas, como carvão vegetal sustentável, biocombustíveis ou mesmo biometano, é sinônimo de desmatamento da Amazônia. Por desconhecimento ou motivações econômicas protecionistas, ignora-se que nós temos condições de produzir energia limpa usando territórios seculares de agricultura tradicional, resíduos urbanos e agrícolas, áreas degradadas, numa estratégia que pode inclusive ser fundamental para a descarbonização de pequenas e médias indústrias que dificilmente terão acesso, tecnologia e capital para usar o hidrogênio de baixas emissões.
Essa defesa do potencial brasileiro tem, portanto, de fazer parte do pacto nacional proposto pela indústria, garantindo uma contribuição mais eficiente do setor produtivo no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento do país. A COP30 é o grande momento dessa agenda em favor da transição energética justa e do nosso desenvolvimento socioeconômico.