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Na tela do meu celular, uma cena de bastidores da gravação de “Ainda Estou Aqui”, Fernanda em um carro com os cinco atores que representam os filhos que Eunice e Rubens Paiva tiveram. Ela faz uma piada, Selton Mello explode uma gargalhada. É assim que é o Carnaval, né? A gente ri o tempo todo. Fernanda Torres é o Carnaval faz tempo.

Ufanismo não pegava bem

O verde e amarelo começou a pegar meio mal nas multidões há mais ou menos uma década, quando uma turma assim se travestiu (com um pato de borracha como símbolo) e foi às ruas pedir uma intervenção militar. O ufanismo virou sinônimo de perigo quando para supostamente defender uma pátria é preciso atacar a liberdade das pessoas que ali vivem. Ufanismo, aliás, segundo o dicionário, é um sentimento de amor pelo país cheio de adjetivos para revelar que esse amor é demais (“orgulho exacerbado pelo país em que nasceu; patriotismo excessivo”, diz o Houaiss. Exacerbar nem sempre e bom. Exceder costuma acabar mal também.

Mas no Carnaval, pipoca na internet o tal do ufanismo em memes “bom demais ser brasileira”, “deve ser muito triste acordar e perceber que não nasceu no Brasil”. É mesmo. O fenômeno Fernanda Torres e a possibilidade de levantar uma estátua bem no meio do Carnaval corrobora —imagina só ser brasileira e essa mulher estar com uma estatueta dourada na mão enquanto a gente está no meio da folia?

Entre homens pintados de dourado, mulheres com legendas-tiaras totalmente alguma coisa, e tantas Fátimas, Vanis e Pikachus, a gente celebra um pouquinho do orgulho de um país que nem tem tanto motivo assim para comemorar, mas o que não tem inventa.

O símbolo da atriz que devolveu o orgulho do Brasil em um filme que justamente mostra o que a intervenção militar fez no país há 50 anos já é vitória —sem patos na rua dessa vez. Se o folião esquecer de cruzar o braço em frente ao peito, tudo bem. A gente, de alguma forma, já escreveu o nosso nome de confete e serpentina na história. Gostoso demais ser brasileira exacerbada e feliz nesse começo de 2025. Quarta-feira que vem a gente pensa em como consertar o resto. Por enquanto, a vida presta demais.