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É impensável imaginar, e aqui um pequeno spoiler se faz necessário, que essa matriarca permitiria o casamento de seu filho com uma mulher negra. Mesmo trazendo a história para os dias atuais, essa mudança não condiz com a personalidade da empresária arrogante e elitista.

Salvador (Antonio Pitanga), Maria de Fátima (Bella Campos) e Raquel (Taís Araújo) em 'Vale Tudo'
Salvador (Antonio Pitanga), Maria de Fátima (Bella Campos) e Raquel (Taís Araújo) em ‘Vale Tudo’ Imagem: Manoella Mello/Globo

Isso não seria uma adaptação, mas sim a transformação de Odete em outra personagem.

Outro ponto é a escalação de Cauã Reymond. Um galã com presença tão forte no imaginário dos brasileiros interpretando César, um personagem secundário, pode alterar a trama. Carlos Alberto Riccelli, já famoso na época da versão original, desempenhou bem o papel como coadjuvante.

No entanto, pelo destaque que Cauã teve na chamada, não parece provável que ele permaneça em segundo plano. Há o risco de que a própria autora do remake, influenciada pela escalação do astro, amplie o peso de César na história, o que poderia comprometer a carpintaria tão bem construída por Gilberto Braga e seus parceiros.

O desafio de adaptar Vale Tudo é imenso, dado o impacto que a novela teve no Brasil, ainda nos primeiros passos da democracia após 25 anos de ditadura. Manuela Dias sabia disso quando aceitou a missão e tem talento para enfrentá-la. Resta torcer para que consiga honrar a obra de Gilberto Braga.