Em 2019, depois de sair de um emprego, Giselle decidiu formalizar suas habilidades em criar novidades da moda a partir de resíduos do Carnaval. No início, o carro-chefe eram apenas brincos de argolas, que foram levados a uma página no Instagram para serem vendidos. Os pedidos foram tantos que logo nasceu sua empresa de acessórios reciclados, a Usebasha.
“As argolas na orelha fazem parte da cultura do samba: as passistas, rainhas de bateria, baianas, todas usam. Entendi que poderia colocar esta cultura do Carnaval em brincos feitos de forma sustentável que não existiam”, diz a empreendedora.
Filha de um catador, Giselle conta que passou a chamar as amigas para ajudar a recolher todos os restos de roupas que ficavam na Marquês de Sapucaí. A matéria-prima é levada para a comunidade Santa Maria, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, sede da empresa. Ali, Giselle guarda todo o material e treina costureiras, que são moradoras locais. Uma parte dos valores das vendas da empresa é destinada à uma ONG que atua nesta comunidade junto a mulheres em situação de vulnerabilidade.
Hoje a produção da Usebasha foi ampliada e conta com a fabricação não apenas de brincos de argolas como também uma variedade de acessórios, além de bolsas, ecobags e a customização de abadás. A matéria-prima para a fabricação dos produtos dura o ano inteiro – e as vendas também. Segundo Giselle, são vendidas cerca de 1.500 peças por mês, com preços entre R$ 12 a R$ 120, para o Brasil e exterior – a demanda internacional vem crescendo e seus principais clientes fora do país no momento são comerciantes de Angola e Portugal.
“Faço a conscientização de todos, incluindo as crianças. Digo para ninguém jogar nada fora, tudo aqui é aproveitado. Meu trabalho se baseia em 3 pilares que considero os mais importantes: a questão ambiental, o fortalecimento da comunidade e a valorização da cultura do Carnaval”.