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Durante muito tempo, a cartilha neoliberal se confundiu com o próprio conceito de “globalização”. Para reduzir custos trabalhistas, indústrias migraram de países centrais para nações da periferia do sistema, sobretudo no sudeste asiático. A regulamentação financeira e as barreiras comerciais entre os países foram afrouxadas.

O receituário até foi capaz de romper a estagnação e dinamizar a economia mundial na ressaca da crise do petróleo da década de 1970. Porém, promoveu uma intensa concentração de renda e deixou para trás legiões de trabalhadores condenados a empregos instáveis e cada vez mais mal remunerados.

Os tecnocratas neoliberais nunca deram muita bola para os efeitos colaterais de suas políticas. Mas até mesmo nos Estados Unidos elas geraram uma massa de “ressentidos” que acabou elegendo Trump na esperança de retomada de um passado idílico, em que a América ocupava o primeiro lugar.

Agora, o longo discurso do republicano no Capitólio mostra que ele está mesmo disposto a erodir os pilares do neoliberalismo e a recauchutar a “política do grande porrete” — a estratégia do presidente Theodore Roosevelt de defender na marra os interesses de seu país, no começo do século 20.

O exemplo mais cabal desse plano talvez seja a chantagem com a Ucrânia, pressionada a liberar o acesso a minerais estratégicos em nome de uma precária segurança militar no conflito com a Rússia. Mas ele também se reflete no “nós não precisamos deles”, em referência ao possível aumento de tarifas de produtos importados do Brasil para defender produtores norte-americanos.

A agenda patriótica e antiglobalista de Trump tem acendido uma série de alertas sobre os efeitos de uma guerra comercial generalizada, sobretudo o da escalada da inflação — receio por excelência dos líderes que construíram a ordem neoliberal.