Informações na mesma linha
Telefone: (21) 97026-3221
Endereço: Rua Viçosa do Ceara, 157, Paciência, Rio de Janeiro - RJ

Nesta sexta-feira (7), o IBGE divulgou o desempenho da economia brasileira no quarto trimestre de 2024. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,2% ante o terceiro trimestre. Houve uma sensível desaceleração com relação ao desempenho nos três primeiros trimestres do ano, quando a média das taxas de crescimento foi de 1%.

A surpresa negativa no quarto trimestre foi no consumo das famílias: o boletim macroeconômico do FGV Ibre esperava um crescimento zero, e o resultado foi uma queda de 1%. A mesma surpresa ocorre quando olhamos os números do quarto trimestre em comparação ao mesmo período de 2023.

O FGV Ibre esperava crescimento do consumo das famílias de 5%, e o número divulgado foi 3,7%, 1,3 ponto percentual menor. Aparentemente, iniciou-se um ajuste no consumo das famílias.

Pela ótica da oferta, houve surpresa negativa na agropecuária, queda de 2,3% ante expectativa de 3,2%; e de serviços, crescimento de 0,1% ante 0,6% da expectativa do FGV Ibre. Em particular, houve forte surpresa negativa na intermediação financeira: queda de 0,3% ante 1,3% de crescimento. Talvez o ciclo de alta da taxa básica de juros esteja começando a afetar o crédito. Aparentemente a tão esperada desaceleração da economia chegou.

Quando olhamos 2024 fechado, em comparação com 2023, a natureza do crescimento é totalmente diferente. Vale separar a economia na componente cíclica, aquela que responde à política econômica, da componente exógena. Esta é formada pela indústria extrativa mineral, pela agropecuária, pelos aluguéis e pelos serviços da administração pública. Em 2023, a componente cíclica cresceu 2,1%, e a exógena, 5,8% —esta última em razão do forte desempenho da agropecuária, que cresceu 16,3%, e da indústria extrativa mineral, que teve expansão de 9,2%.

Em 2024, a componente cíclica cresceu 4,4%, e a componente exógena, 1,1%. Ou seja, a parcela da economia que responde à política econômica acelerou de 2,1% em 2023 para 4,4% em 2024. De fato, a demanda interna privada cresceu 5,3% em 2024, acelerando muito do 1,9% de 2023. O mesmo ocorreu com a demanda interna, que acelerou de 2,2% em 2023 para 4,7% em 2024.

O crescimento da demanda interna muito maior do que o da economia tem como efeito colateral forte queda das exportações líquidas. Aos preços de 1995, a queda foi de 1,5 ponto percentual do PIB, saindo de 1,5% do PIB em 2023 para 0% do PIB em 2024.

Ou seja, temos um crescimento que foi liderado pela demanda em uma economia que opera a plena carga. Evidentemente, a inflação encontra-se muito elevada. Em 2024, o IPCA fechou em 4,8%, bem acima do esperado no final de 2023 para 2024.

Em 2025, esperamos que as políticas monetária e fiscal estejam mais sincronizadas. A componente cíclica deverá desacelerar para algo entre 1% e 1,5%. E, em razão da boa safra e do bom desempenho da produção de petróleo do pré-sal, a componente exógena deve acelerar para 3,2%, aproximadamente. O crescimento da economia em 2025 deverá ser ao redor de 2%.

A grande dúvida, como já escrevi outras vezes neste espaço, é se o presidente Lula aceitará a desaceleração com seus impactos ruins sobre o emprego —mas impactos positivos sobre a inflação— para chegar melhor em meados de 2026 ou se logo começará a apertar os botões para estimular a economia e neutralizar o combate à inflação.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.