Em uma nota curta, o carnavalesco Paulo Barros anunciou, neste domingo (9), a sua saída da Vila Isabel, escola que ficou em oitavo lugar no Carnaval 2025 com um enredo sobre medo, assombrações e ícones do terror no Grupo Especial do Rio de Janeiro.
“Agradeço a toda comunidade de Vila Isabel pelo carinho. Anuncio o meu desligamento da querida Unidos de Vila Isabel. Felicidades, Vila”, disse Barros em comunicado publicado nas redes sociais.
A escola também foi breve ao informar o desligamento. “A Unidos de Vila Isabel informa que o carnavalesco Paulo Barros não compõem mais o quadro de profissionais da agremiação. Agradecemos pela jornada de entrega e envolvimento com o nosso pavilhão e desejamos sucesso nos próximos passos”.
O carnavalesco recebeu críticas após afirmar, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha, que não gosta de produzir desfiles com temática africana, por achar que os cortejos ficam todos iguais na avenida e ninguém entende nada.
Barros foi acusado de desrespeitar as outras escolas de samba e a herança cultural africana do país.
Após a entrevista viralizar, ele reforçou o posicionamento em suas redes sociais, disse que não criticou as outras escolas e que tem o direito de manifestar sua preferência pessoal.
A Vila Isabel encerrou o segundo dia de apresentações do Grupo Especial, na madrugada de terça-feira (4), com um desfile marcado por elementos da cultura pop, como vampiros, zumbis, Monstros S.A., que não empolgou o público.
Além disso, a agremiação enfrentou problemas no percurso. O drone que representava uma abóbora voadora, na comissão de frente, caiu e foi retirado da pista por componentes da escola, por exemplo. O carro alegórico que representava o castelo do Conde Drácula demorou para entrar na avenida e desfilou com falhas no acabamento.
Também neste domingo, em uma despedida bem mais emotiva, os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora anunciaram a saída da Grande Rio, escola que ficou em segundo lugar por um décimo de diferença com a Beija-Flor, a campeã deste ano.
“Que sonho mais lindo sonhamos juntos, não foi? No início, a angústia e o medo batiam. Conjecturas, pré-julgamentos, suposições. Então nos vimos acolhidos pela sua comunidade extraordinária, valente, afetuosa. Comunidade que passou a nos chamar de ‘meninos’, a despeito dos fios brancos”, escreveram os carnavalescos, em um comunicado compartilhado pela agremiação.
Haddad e Bora citaram a primeira vitória da escola no Grupo Especial, em 2022, com o enredo “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”.
“É difícil mensurar a importância disso. Mais do que isso: é difícil, ainda hoje, entender ‘Fala, Majeté’. Manifesto poético e político, grito, delírio, transe”, disseram. “Será que ainda não estamos embriagados, em meio à multidão que tomou as ruas e a quadra, naquela comemoração de abril?”
Os carnavalescos agradeceram à direção e aos demais integrantes da escola e disseram não gostar de despedidas. “O caso é de festa e abraço”.
Pesquisadores do Carnaval e discípulos da carnavalesca Rosa Magalhães, eles receberam elogios de especialistas como o professor e escritor Luiz Antonio Simas.
“Vocês estão na história do Carnaval. Craques. Que bons ventos conduzam a nova trajetória”, afirmou Simas.
A direção da Grande Rio agradeceu a dupla, desejou sorte e disse que seguirá admirando os passos dos dois. Pouco depois, a agremiação anunciou Antonio Gonzaga como novo carnavalesco. O artista estava na Portela e, antes, fez parte da equipe de criação da Grande Rio.