Já Bolsonaro nem precisou ser preso: diante da apreensão de seu passaporte em 8 de fevereiro deste ano, em meio a uma operação da PF sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente se refugiou na Embaixada da Hungria, governada pela extrema direita de Viktor Orbán, entre 12 e 14 de fevereiro. Muitos viram o espisódio como uma espécie de test drive de fuga.
Além disso, Bolsonaro fugiu do país, em 30 de dezembro de 2022, antes mesmo de terminar o seu mandato. Diz que foi para não passar a faixa presidencial, mas as investigações da Polícia Federal sobre o plano – que envolveu de minuta de golpe até esquema para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes) – revelam que ele tinha razão para temer ficar no Brasil e ser preso.
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, afirmou ao UOL que, se preso, ele “elege um poste de dentro da cadeia”. Exagera sobre o aumento de popularidade, mas tem razão ao afirmar que Jair seria desenhado como um mártir por seus aliados e seguidores, que iriam explorar isso eleitoralmente com algum sucesso.
A questão, contudo, não é como a figura política de um Bolsonaro preso será usada como mártir da extrema direita, mas como o indivíduo Jair Messias vai encarar a possibilidade de ficar décadas preso.
Ele é do tipo que acredita que o seu sacrifício pessoal seria usado para uma causa maior ou é daqueles que abandonam aliados aos leões diante da percepção do risco e, por isso, não aceitariam abraçar o sacrifício? Ele pensa mais em si mesmo ou no coletivo? Perguntas retóricas, claro.
Com o retorno de Donald Trump ao poder em 20 de janeiro do ano que vem, ele poderia pedir asilo político aos Estados Unidos, sob a justificativa de “comandar a resistência” direto de Orlando, na Flórida. A falta de passaporte é o de menos, há outras formas de fugir do país caso necessário seja, ainda mais com alguém com recursos financeiros e políticos para tanto.