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Na avaliação da Faria Lima, “Haddad está desprestigiado, por isso o dólar disparou”. Conversa fiada. A alta tem meses. Começou em março e se acelerou em outubro, quando a agência de risco Moody’s melhorou a nota de crédito do Brasil. Foi também quando o ministro começou a falar de corte de gastos. Não foi a fala que puxou o dólar. Mais provável que tenha sido o oposto. Em oito meses, o dólar foi de R$ 5 para R$ 6, alta de 20%, cinco vezes a inflação.

Especulações políticas e cambiais à parte, Haddad recebeu uma lição e uma missão de Lula. A soma de ambas tende a ser positiva, muito positiva, para o ministro – desde que ele aprenda a primeira e cumpra a segunda.

A lição – uma história é sempre mais interessante que um cardápio:

Haddad ofereceu uma lista de cortes de gastos possíveis, pediu ao presidente para escolher entre eles e dizer a sua ordem. Foi em 14 de outubro. Lula não escolheu. Mostrou a Haddad que ele não queria um garçom que lhe entregasse um cardápio, mas um narrador que lhe oferecesse uma história para contar.

O último mês e meio de idas e vindas de Haddad ao palácio foi gasto afinando a história que seria contada ao público. O enredo era quase de tragédia, só más notícias, mas Lula insistiu que houvesse alívios dramáticos no meio da trama. Depois, estendeu os “sacrifícios” a todos – de militares a juízes. Finalmente, incluiu uma boa notícia com potencial de ofuscar as más.

Conseguiu, em parte. Dezenas de milhões de contribuintes vão ficar felizes em 2026 quando não se virem isentos de pagar Imposto de Renda, justo no ano da eleição do sucessor de Lula. A Faria Lima chiou. Mas chiaria de qualquer jeito.