No nosso laboratório, a gente tem a preocupação de levar pesquisa básica para a vida das pessoas, e o local em que isso é mais evidente é a alfabetização.
A posição privilegiada do Brasil
Existe uma revolução na biologia, na neurociência e na psiquiatria em torno dos psicodélicos. São substâncias descobertas por povos originários, indígenas -já tem 8 mil anos no caso do peyote- e que a ciência biomédica está redescobrindo no século 21.
Um terceiro de bastante impacto, feito colaborativamente com Unicamp e UFRJ, tratou do potencial cognitivo do LSD. A gente mostrou como o LSD aumenta a capacidade cognitiva de ratos, pessoas e inclusive de modelos computacionais. Não estamos só falando de psicodélicos para pessoas que estão em sofrimento, mas de substâncias que aumentam a cognição de indivíduos saudáveis.
Hoje, o Brasil ocupa uma posição privilegiada nas publicações sobre psicodélicos, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido. É muito raro a gente estar nessa posição. Isso aconteceu porque pesquisadores e pesquisadoras se moveram nessa direção bastante cedo. nosso primeiro estudo foi publicado em 2011, o que nos deu uma certa vantagem competitiva e a gente está tentando aproveitar ao máximo que isso possa durar
Maconha no SUS
Remédios à base de maconha já estão na farmácia há nove anos no Brasil. Mas é para quem tem dinheiro. A discussão hoje é sobre acesso. A gente precisa trazer a maconha medicinal para o SUS, para a Farmácia Viva. O STF interpretou a Lei de Drogas permitindo que as pessoas tenham seis plantas fêmeas em casa sem cometer crime. As coisas estão se movendo, assim como no caso dos psicodélicos. No Brasil, a ayahuasca é legalizada há quase 50 anos.