Esses funcionários da Lumon, grande corporação que faz um trabalho “secreto e importante”, passam por um procedimento chamado “Ruptura” (Severance no inglês), em que um chip é implantado em seus cérebros e os torna pessoas divididas entre sua faceta “innie” e “outie”. Os innies são os que trabalham na Lumon e realizam trabalhos sobre os quais não sabem nada e não se conectam com outros departamentos.
Os outies, suas personas no “mundo real”, não se lembram de nada que fizeram no horário comercial, uma vez que, assim que entram no elevador para ir embora, esquecem tudo. Assim como quando chegam na empresa para trabalhar, ao entrar no elevador, também esquecem quem são lá fora.
A “ruptura” ou “separação” é como uma metáfora clara, mas sagaz, de como muitas vezes nos alienamos de nós mesmos, escondemos nossa real personalidade e até ética para se encaixar e manter um emprego.
“Escrevi o piloto da série em uma fase em que tive vários trabalhos de escritório, e esse foi um dos principais fatores incorporados. Perceber as formas como eu tinha que achatar ou mudar minha personalidade para me encaixar nesses lugares”, diz Erickson em conversa com Splash, em dezembro em São Paulo, quando ele, Adam Scott (Mark), Tramell Tillman (Michick) e Britt Lower (Helly Riggs) participaram de um painel na CCXP.
“Toda vez que eu entrava em um lugar novo, a pergunta era: ‘Quem tenho que ser aqui para me encaixar'”. Portanto, muito disso simplesmente entrou naturalmente no roteiro”, completa ele, que também é claustrofóbico e odeia elevadores. Não por acaso, a “porta do inferno” da série, onde a “ruptura” ocorre todos os dias, é o elevador da Lumon.