E a bola girava. Ali no mesmo lugar. Na pequena área. O tempo, parado.
Ninguém vai me chutar? Puxa vida. A bola até parou de sorrir. Passou 50 anos fazendo pirraça, afinal. Tudo bem, é o último dia. É o último jogo. Olha quanta gente veio! Tudo bem, hoje eu vou para o lugar certo. Vou animar um pouco essa gente. Eles já perderam o caldo verde, o vinho, o bolinho, o bar, a piscina, a velhinha, a dignidade, a esperança, a alegria de me ver.
Oi? Alguém pode, por favor, me chutar para lá?
Não! Você de branco não! Nããão…..
E foi-se a bola para longe. E foi-se o tempo de tão longe. Tanta pirraça. Tantos anos de maldade. Entrando quando queria, não entrando quando a gente tanto queria.
Nos últimos tempos, nem dá para culpá-la. A bola andou sendo muito mal tratada por aquelas bandas. Djalma Santos, Julinho, Pinga, Brandãozinho, Simão, Ceci, Enéas, Ivair, Dinamite, Leivinha, Zenon, Luís Pereira, Toninho, Toquinho, Jorginho, Capitão, Dener, Bentinho, Maurício, Paulinho, Caio, Zé Roberto, Emerson, César, Rodrigo, Leandro, Marco Antônio, Ananias.