Numa alusão à crise do Pix, Lula disse que, “daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão para nós sem que passe pela Casa Civil.” Caprichou na bronca: “Muitas vezes a gente pensa que não é nada, faz uma portaria qualquer e depois arrebenta na Presidência da República.”
Na eleição municipal de 2014, Lula e o PT foram como que engolfados pela onda conservadora que varreu as urnas. Nesta segunda-feira, o presidente reiterou que seu governo não consegue se comunicar com o pequeno “empreendedor”, eufemismo para o trabalhador que rala para encher a geladeira à margem da CLT.
“É importante que a gente compreenda que o povo que estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980, não é povo que queria apenas ter emprego numa fábrica com carteira assinada, é um povo que está virando empreendedor e gosta de ser empreendedor”, lecionou Lula aos ministros.
“Nós precisamos aprender a trabalhar com essa nova característica e formação do povo brasileiro. Temos que ser muito exigidos. Não reclamarei se o povo nos cobrar, reclamarei se a gente não tiver capacidade de entregar tudo que aquilo que nós nos comprometemos”, disse Lula, abstendo-se de repreender o companheiro Luiz Marinho, um ministro do Trabalho que fracassou na missão de regulamentar o trabalho por aplicativo e voltou a falar na ressurreição do imposto sindical.
No Brasil, o grotesco está inelegível. Bolsonaro está mais próximo da cadeia do que das urnas. Mas o capitão já esclareceu que pretende imitar Lula. Trama registrar sua candidatura presidencial no TSE, acomodando na vice uma opção paleolítica qualquer que possa substituí-lo na cabeça da chapa. Ao ignorar os sinais vindos dos Estados Unidos Lula potencializa a percepção de que não perde a oportunidade de perder oportunidades.