A PF já havia indiciado o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, que amargou quase um ano no xilindró. O caso dos bloqueios, principalmente em regiões do Nordeste onde Lula havia surfado no primeiro turno, inaugurou a temporada de golpismo bolsonarista no Brasil.
Naquele 30 de outubro de 2022, o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ameaçou Silvinei de prisão se não liberasse as estradas em 20 minutos. “Ou você para os bloqueios ou você vai para a cadeia”, relatou reportagem da revista Piauí que narrou o encontro entre os dois no dia do segundo turno.
Já ex-diretor da PRF, ele tratou os parlamentares da CPMI dos Atos Golpistas como idiotas ao dar justificativas toscas para os bloqueios nas estradas em junho de 2023. “É um crime impossível, que não ocorreu, não tem como. Como falaríamos com 13 mil policiais explicando essa forma criminosa sem ter uma conversa de WhatsApp, Telegram, sem uma reunião, sem nenhum e-mail enviado?”, questionou.
Cinismo em estado mais puro. Bastasse, como bastou, que algumas pessoas da cúpula dessem as ordens sem informar a real intenção. Isso aqui não é desenho animado, em que o vilão comunica seus objetivos publicamente.
A partir do momento em que parte da cúpula da PRF começou a agir como cabo eleitoral de Jair, eles deveriam ter sido afastados de suas funções. Como não foram, a corporação foi usada pelo bolsonarismo em duas tentativas de golpe. Na primeira vez, emperrou o transporte de eleitores mais pobres. Na segunda vez, fez vistas grossas aos protestos golpistas que trancaram rodovias em todo o país nas semanas seguintes à vitória do petista.
A PRF, que sempre fez um excelente trabalho em ações de combate ao trabalho escravo e ao tráfico de seres humanos, alinhou-se à ideologia extremista do presidente. Exemplo disso foi a morte de Genivaldo de Jesus Santos, negro, desarmado, que dirigia uma motocicleta velha e vivia com uma doença mental, assassinado por policiais rodoviários federais que o trancaram em um porta-malas de uma viatura junto com uma bomba de gás em Umbaúba (SE).